
Mais um outono, o mesmo cenário nos hospitais gaúchos. O aumento do número de internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) levou o governo do Rio Grande do Sul a decretar situação de emergência na saúde nesta segunda-feira (19).
Medida semelhante foi tomada pela prefeitura de Porto Alegre na sexta-feira (16). A doença que mais motiva internações é a pneumonia (veja detalhes abaixo).
De acordo com dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), o Estado registrou até esta segunda-feira 4.099 hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Essas internações foram causadas por infecções como influenza (gripe), covid-19, vírus sincicial respiratório (VSR), entre outros.
Do total de casos, 305 evoluíram para óbito do paciente. Entre as crianças menores de cinco anos, foram registradas 1.374 internações e 10 mortes.
E a situação tende a ficar mais crítica com a proximidade do inverno. Uma análise feita por Zero Hora com base em dados disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre os anos de 2008 e 2024 mostra que julho é o mês com a maior média de internações por doenças respiratórias.
Média mensal no RS
Os dados apontam, aproximadamente, 106 pessoas hospitalizadas a cada 100 mil habitantes do Estado, em razão de quadros como pneumonia, bronquite e gripe.
Doenças mais frequentes
A análise ainda observou dados de sete das 15 doenças relacionadas ao aparelho respiratório que são detalhadas pelo SUS. Os números mostraram que a pneumonia é a principal causa das internações em julho no Rio Grande do Sul. A média é de 52 hospitalizações a cada 100 mil pessoas.
Na sequência, aparecem bronquite aguda e bronquiolite aguda, com nove internações; sinusite crônica, com seis; e influenza/gripe, com três.
Regiões
Ao analisar separadamente os números das 30 regiões de saúde do Estado, é possível constatar que o cenário se repete em todas: julho é o mês com mais registros e a pneumonia é o principal motivo de hospitalização, dentre as sete doenças observadas.
As maiores incidências de internados a cada 100 mil habitantes foram registradas nas regiões da Fronteira Noroeste (14ª) e Sete Povos das Missões (11ª). De acordo com o levantamento, essas são as únicas áreas em que o número fica acima de cem. São 110 hospitalizações a cada 100 mil habitantes na 14ª e 103 na 11ª.
Maior circulação dos vírus
O aumento das hospitalizações no outono e no inverno pode ser explicado por uma maior circulação dos vírus respiratórios entre a população, afirma o chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Porto Alegre, Alessandro Pasqualotto. Isso porque, nesses períodos, as condições são mais propícias, principalmente pela aglomeração de pessoas em ambientes fechados:
— E, aqueles que têm sintomas respiratórios acabam, muitas vezes, passando para outras pessoas. Essas são doenças altamente transmissíveis e que, uma vez atingindo alguém mais vulnerável, podem levar a complicações e até a óbitos.
Além disso, alguns fatores, como a menor umidade e a temperatura mais baixa, favorecem a maior estabilidade e um maior tempo de suspensão dos vírus no ar durante o inverno.
De acordo com o especialista, os vírus normalmente causam resfriados ou gripes, que são quadros mais leves. Entretanto, as formas mais graves podem acometer os pulmões — o que costuma fazer com que as pessoas busquem atendimento médico porque sentem dificuldade para respirar.
— Os quadros costumam ser leves, se resolvem sozinhos. Mas algumas pessoas, que têm outras doenças, são idosos ou crianças pequenas, pela falta desse sistema imune, podem ter mais danos pelo vírus, principalmente nos pulmões. E aí vira uma pneumonia. Por isso, nas notificações, a pneumonia aparece como causa principal de hospitalização e morte — esclarece Pasqualotto.
São muitos os vírus que passam pelo trato respiratório e a classificação da doença tem relação com a parte do corpo (nariz, brônquios ou pulmão, por exemplo) que o agente está acometendo mais. Para o outono e o inverno, os vírus de maior preocupação são o sincicial respiratório (VSR), o da gripe e o da covid-19.
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