
As emergências dos hospitais de Porto Alegre operam com 156% de ocupação neste sábado (17), de acordo com o painel de dados sobre internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já as unidades de pronto atendimento, as UPAs, da Capital enfrentam 183% de lotação.
Considerando todos os serviços e especialidades dos hospitais, há 4.152 pacientes ocupando leitos do SUS, o que representa uma taxa de 95% – desse total, 412 são relacionados a quadros respiratórios.
Atualmente, a saúde de Porto Alegre vive um cenário de superlotação e de atenção máxima. A prefeitura de Porto Alegre decretou situação de emergência em saúde pública. A medida tem validade por 90 dias e ocorre devido ao aumento no número de internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em adultos e crianças.
A decisão vai auxiliar na ampliação de leitos para a Operação Inverno, na compra de insumos e materiais e na contratação de serviços necessários ao atendimento emergencial. Segundo o Boletim InfoGripe da Fiocruz, Porto Alegre está em nível de alerta para crescimento de longo prazo dos casos de doenças respiratórias.
Na segunda-feira (19), o governo do Estado deve decretar calamidade em saúde devido à baixa procura pela vacinação contra a gripe.
Situação nos hospitais
O pior cenário na emergência adulto é registrado na Santa Casa, com 261% (73 leitos) de ocupação. O hospital segue com restrição nos atendimentos na emergência SUS, recebendo apenas pacientes em estado crítico ou encaminhados pelos órgãos públicos.
Já o Hospital Restinga tem a menor taxa, com 100% (18) de ocupação.
Na emergência pediátrica, o Hospital Conceição registra o pior cenário, com 100% (14) de ocupação. Na Santa Casa, a taxa é de 75% (6). As causas respiratórias representam o principal motivo de atendimento em ambos os tipos de emergência.
Para dar conta dos atendimentos, hospitais que não são 100% SUS, por vezes, ocupam leitos que seriam privados ou de convênios. Os hospitais 100% SUS também se adaptam ao cenário a partir da necessidade, ocupando poltronas e/ou definindo restrições no atendimento.
Nas UPAs, na enfermaria adulto, a pior situação é registrada na UPA Moacyr Scliar, com 294% (50) de ocupação. Já o cenário mais favorável é encontrado na UPA Cruzeiro do Sul, com 215% (28) de lotação. Na enfermaria infantil, todas as UPAs operam na capacidade máxima, com exceção na Cruzeiro do Sul. Nos dois cenários, as causas respiratórias também despontam em primeiro lugar, exceto na UPA Moacyr Scliar, onde ficam atrás das causas ligadas à gastroenterologia.
Emergências particulares
Em algumas emergências particulares, a situação é semelhante. No Hospital Moinhos de Vento (HMV), o Serviço de Emergência Pediátrica registra uma taxa de ocupação de 112%, com 25 pacientes em atendimento e cinco internados. O aumento da demanda é atribuído, principalmente, aos casos de doenças respiratórias, que seguem como a principal causa de procura pelo atendimento. O Serviço de Emergência Adulta do Hospital Moinhos de Vento registra 29 pacientes internados.
"A instituição adota protocolos específicos para garantir a qualidade da assistência, mesmo em períodos de alta ocupação. Entre as medidas estão a ampliação da rede de atendimento conforme a classificação de risco, a priorização de pacientes graves, a integração com serviços de telemedicina para acompanhamento pós-alta e a disponibilidade de exames e ambulatórios de baixa complexidade para os casos de menor gravidade", informa o hospital.
O HMV reforça a orientação para que a emergência seja procurada apenas em situações de urgência, emergência ou alta complexidade.
No Hospital São Lucas, há superlotação na emergência particular e convênios. Nos últimos 15 dias, cerca de 60% das doenças em atendimento estavam relacionadas ao sistema respiratório.
O maior volume ainda é relacionado a casos de dengue, mas, ao somar os diagnósticos de síndromes respiratórias, infecções virais, tosse aguda e infecção aguda das vias respiratórias superiores, a incidência torna-se maior.
No Hospital Mãe de Deus, a ocupação está em torno de 98%, sendo predominantemente por causas respiratórias e dengue. Já o Hospital Ernesto Dornelles informa que a emergência atende normalmente, sem restrições, sem detalhar ocupação e causas.
No Hospital Divina Providência, não há superlotação. Há grande demanda por atendimentos de baixa complexidade – a maioria por questões respiratórias, mas que não necessitam de internação na emergência. Durante a semana, em alguns dias, foi registrado um aumento de quase 50% nos atendimentos, sem superlotação.