
Dayane de Jesus, estudante de 22 anos, morreu em uma academia em Copacabana, no Rio de Janeiro, na última terça-feira (20), depois de ter um mal súbito. O local foi interditado pela polícia por não ter um desfibrilador, o que descumpre normas administrativas de socorro. Caso reacende debate no Rio Grande do Sul, que não tem leis específicas sobre a obrigatoriedade.
No Rio, um homem que treinava no local durante o mal súbito de Dayane era médico e solicitou o equipamento, que não estava disponível, segundo o g1.
Academias precisam ter desfibrilador?
O Rio de Janeiro conta com leis que determinam que centros de treinamento e academias tenham ao menos um desfibrilador — equipamento que reinicia batimentos cardíacos eletricamente — e profissionais capacitados para ajudar no socorro. Para Willian Pimentel, diretor-executivo do Conselho Federal de Educação Física (Confef), consultado por Zero Hora, a norma traz segurança para os espaços:
— São minutos, algumas vezes até segundos, que a gente tem para poder realmente salvar uma vida. Muitas vezes a massagem cardíaca não é suficiente e a gente precisa de um estímulo para poder retornar os batimentos cardíacos, que só o desfibrilador, com o seu choque, pode dar. Então, se esse equipamento não estiver disponível para o seu pronto uso e com profissionais que saibam utilizá-lo, a gente pode realmente evitar que uma vida seja salva.
No Rio Grande do Sul, ainda não há uma lei que obrigue esses espaços a contar com um desfibrilador e profissionais capacitados para usar o equipamento. Segundo Alessandro Gamboa, presidente do Conselho Regional de Educação Física da 2ª Região, que atua no Rio Grande do Sul, (Cref2/RS), há esforços para mudar esse cenário.
— A gente já tinha essa ideia e esse caso do Rio de Janeiro ligou uma luz vermelha, um alerta, para a gente correr atrás dessa lei. Eu entendo que essa lei deve acontecer ao nível estadual, então a gente já tem até marcado para conversas com alguns deputados para tentar implementar — relata.
Gamboa pontua que episódios de mal súbito ou de paradas cardiorrespiratórias, em que são necessários um desfibrilador, não são incomuns em academias e centros de treinamento. Isso porque a prática intensa de exercícios pode sobrecarregar o sistema cardiovascular, especialmente em pessoas com condições pré-existentes não diagnosticadas.
Ele ressalta, também, que, por mais que seja importante, a medida não é apoiada por todos. Uma das justificativas é o custo associado à compra de um desfibrilador — que pode chegar a R$ 15 mil — e ao treinamento dos profissionais de saúde que atuam nesses espaços.
Projeto de lei federal
Já a nível nacional, Pimentel defende que o Confef apoia o Projeto de Lei 2157/2020, que prevê a obrigatoriedade de equipamentos de socorro e profissionais treinados para emergências de saúde em espaços que oferecem atividades esportivas.
— O Confef também entende essa importância e está trabalhando, junto à Câmara dos Deputados, para que isso se torne realmente uma obrigação legal a nível federal — afirma o diretor-executivo.