Montadas desde o fim da semana passada pelo Exército, as tendas que serão utilizadas para atendimentos de pacientes com sintomas de dengue ainda não começaram a funcionar em Porto Alegre. Das cinco estruturas disponibilizadas, quatro já foram instaladas na sexta-feira (25) e uma deve ser montada ainda nesta segunda (28).
Durante a manhã desta segunda, a reportagem circulou pelas cinco unidades básicas de saúde (UBS) escolhidas para receber as estruturas. A pior situação encontrada foi na Zona Norte, onde havia filas e demora no atendimento.
Na unidade de saúde Santa Fé, no bairro Rubem Berta, apenas cadeiras de espera foram colocadas na tenda, sendo que todas estavam ocupadas. Nenhum equipamento foi instalado e nenhum atendimento era feito direto no local.
A família da veterinária Amanda Rocha, 38 anos, era uma das que ocupava os assentos.
— Meu marido está com dengue. Está desidratado, não consegue nem comer. Viemos aqui para ele tomar soro. Chegamos às 9h30min e ficamos horas até conseguir falar com o médico — relata a mulher, que só viu o marido ser levado ao consultório depois das 11h, duas horas depois da chegada.
Questionada, a gerência da unidade não atendeu a equipe de reportagem e não quis se manifestar.
No Mário Quintana, bairro vizinho, a situação é semelhante: dezenas de pacientes aguardando com sintomas de dengue e a tenda vazia, sem equipamentos ou profissionais na UBS Timbaúva. A explicação da gerência é que a estrutura precisará ser trocada, pois é maior do que o espaço do pátio da unidade comporta.
Situação na Zona Sul
Na região sul da Capital, a UBS Primeiro de Maio deve ser a primeira a iniciar os atendimentos ainda nesta segunda-feira. O local só não foi equipado ainda devido à chuva do fim de semana, que impediu a instalação da estrutura.
— Por precaução, deixamos para colocar hoje. Os pacientes com suspeita serão encaminhados para fazer hidratação intravenosa e serem observados com auxílio de um enfermeiro. Hoje, eles precisam aguardar no corredor porque não há sala de observação exclusiva, então vai nos ajudar bastante — afirma Karina Arregui, gerente da unidade.
Atualmente, a UBS Primeiro de Maio tem atendido uma média de 500 pacientes por dia, sendo que antes esse índice era de 350 a 400 por dia. Além disso, desses 500, cerca de metade é de pessoas com suspeita de dengue.
Já na UBS Camaquã, no bairro de mesmo nome, a tenda ainda não foi montada. O trabalho do Exército precisou ser adiado no local para que houvesse corte de grama do espaço onde a estrutura ficará. Até esta terça-feira (29), a previsão é que tudo esteja pronto.
Movimento mais calmo no Centro
Uma das principais unidades de saúde da Capital, a UBS Modelo não equipou a sua tenda. Isso porque, conforme a coordenação, não há demanda necessária nesse momento.
Mesmo assim, a tenda foi erguida como uma retaguarda. Caso o movimento aumente no posto, será equipada e utilizada.
Parceria com militares
Conforme o Exército, uma sexta unidade de saúde ainda deve receber mais uma tenda. A definição de qual posto ganhará a estrutura será feita junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Nesta segunda-feira, soldados devem iniciar uma ação de conscientização nas ruas, com orientação e panfletagem a moradores.
— A gente vai priorizar a questão do (posto) Primeiro de Maio, que é uma unidade que tem um aumento um pouco maior de casos de dengue. Vamos organizando ao longo dos dias, mas todas estarão funcionando até sexta-feira — garante Caroline Ceolin, diretora-adjunta da Atenção Primária à Saúde.
Segundo ela, o motivo para o atraso na montagem dos equipamentos nas tendas dos postos de saúde foi a concentração de esforços na instalação dos materiais na tenda do Stock Center.
— Vale lembrar que as tendas das unidades são para reidratação. Mas essa sim vai dar um aumento significativo na disponibilidade de atendimentos médicos e enfermagem — ressalta.
Estrutura reserva
Além das cinco tendas destinadas nesta semana para as unidades, há uma sexta estrutura "guardada" para o caso de necessidade. Conforme Caroline, é uma alternativa acertada pela SMS junto ao Exército.
Ainda não está definido qual posto receberá essa outra tenda, porque dependerá da demanda. Ela só será montada caso alguma região da cidade apresente alta nos registros de casos de dengue.
Novidade
No último sábado, Porto Alegre se tornou a primeira cidade do Estado a usar um hemoglobinômetro para acelerar a triagem de casos graves entre os infectados pelo vírus. O equipamento começou a ser utilizado na Unidade de Saúde Passo das Pedras I.
A iniciativa é uma estratégia para agilizar a identificação dos casos mais graves, que necessitam de atendimento prioritário.
— Na dengue, a gente verifica risco de sangramento, hematócrito, hemoglobina e plaquetas. Então, com esse aparelho, sai na hora a concentração de hematocrito e hemoglobina no sangue para avaliarmos a gravidade do paciente — explica Caroline.