
A prefeitura de Canoas e o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS), que administra o Hospital de Pronto Socorro de Canoas, têm até quinta-feira (17) para apresentarem medidas de manutenção dos atendimentos no estabelecimento de saúde.
O prazo foi definido pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) em reunião nesta terça-feira (15). O hospital, referência para mais de cem municípios, atende cerca de 2 milhões de pessoas.
O município e o hospital devem apresentar o quadro adequado de médicos, cronograma de pagamento dos salários, estoque de insumos básicos para 15 dias e plano de contingência da regulação, além de informações sobre a reforma do prédio do pronto socorro.
Conforme o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, se o cenário não mudar, uma interdição ética será indicada:
— A situação é caótica no município. Não há mais prazo. Se o município e a gestora do hospital não apresentarem medidas que garantam um bom atendimento, teremos que realizar uma eventual interdição ética. Sabemos de toda repercussão, inclusive, obrigando o Estado a ter uma regulação para onde encaminhar os pacientes atendidos no HPS.
Ainda segundo o Cremers, se a interdição ética for aprovada, nenhum médico estaria autorizado para atuar no Hospital de Pronto Socorro de Canoas. A decisão deverá ser homologada pelo Conselho.
Falta de itens básicos
Atualmente, o relato é de que não há cirurgião plástico em escala disponível no hospital. Durante o encontro, o diretor técnico do HPS, Sérgio Ruffini, médico com especialização em cirurgia plástica, afirmou que teve de atuar na emergência pela falta de profissionais. Além disso, faltam itens básicos para entubação e sutura.
Conforme o Secretário de Saúde de Canoas, Eduardo Bermudez, a crise ocorre devido à falta de um maior aporte financeiro por parte da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Ainda segundo o secretário, o plano operativo do hospital está sendo revisto e o pagamento dos médicos deverá ser realizado pela gestora da instituição.
— Houve redução significativa no aporte financeiro da prefeitura ao IAHCS desde a enchente, quando o HPS se juntou à estrutura do Hospital Nossa Senhora das Graças. O número de leitos reduziu de 120 para 29, assim como a produção. Com isso, entendemos que aquilo que estávamos passando estava sendo o suficiente, o que não era. Agora estamos revisando o plano operacional e a própria empresa vai ter condições de pagar os médicos — explicou o secretário.
Além do Cremers e da prefeitura, a reunião contou com a presença do Ministério Público do Estado. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) foi convidada, mas não compareceu ao encontro.
De acordo com a SES, uma reunião foi realizada na segunda-feira (14) entre o prefeito Airton Souza e a secretária Arita Bergmann. Foi definido que o município de Canoas irá implantar a regulação, assumindo o compromisso do gerenciamento de consultas do Sistema Único de Saúde (SUS) em até 60 dias.
Reabertura do prédio do HPS
Fechado desde maio de 2024 devido à enchente, o prédio do Hospital de Pronto Socorro, que fica no bairro Mathias Velho, passa por reformas.
A obra começou em dezembro de 2024 e deve ser concluída em junho deste ano. No entanto, o prazo ainda pode ser ampliado devido ao atraso do serviço.
Diante disso, os atendimentos de urgência e emergência estão alocados junto ao Hospital Nossa Senhora das Graças.