
O Rio Grande do Sul registrou queda de 7,5% no número de mortes por covid-19 em agosto na comparação com o mês anterior. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), 435 pessoas morreram devido à doença no Estado em julho. Em agosto foram 402, o que significa uma média diária de 14 óbitos em solo gaúcho.
O número de casos reportados às autoridades de saúde também caiu no mesmo período de comparação. Julho acumulou 98.068 registros; já no mês de agosto, 66.427 pessoas testaram positivo para a covid-19 no Estado, situação que representa uma queda de cerca de 32%.
No Brasil, no mês de agosto, 5 mil morreram por causa da doença, o que indica uma diminuição de 23% se comparado com julho. Assim, nesse período, o Brasil teve média de 175 vítimas diárias da covid-19.
Desse modo, tanto os dados do Estado quanto os do Brasil apontam para redução nos indicadores de mortes e de casos registrados no mês de agosto na comparação com julho, conforme os gráficos abaixo:
O que dizem os especialistas
Para o médico infectologista Eduardo Sprinz, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o cenário apontado pelo levantamento é similar ao notado no dia a dia dos profissionais da saúde:
— Estamos notando é que realmente o número de casos vem diminuindo e o de mortes também. A mortalidade absoluta ainda é elevada, mas não tanto quando comparada com períodos anteriores. Isso é algo para comemorar — diz.
Quanto à redução no registro de casos no período, Sprinz entende que há hoje menos notificações por parte dos pacientes infectados. Isso ocorre pelo fato de as pessoas terem procurado menos testes da doença porque os casos são mais leves e também pela adoção dos autotestes. Esses dispositivos podem ser comprados em farmácias e não entram na conta dos levantamentos das autoridades sanitárias.
Isso pode explicar a redução nas notificações informadas pelo Ministério da Saúde no Estado e no Brasil em agosto em comparação ao mês anterior. A diminuição no período foi de 60% no país e de 32% no Estado.
Os dados do Ministério da Saúde mostram que os meses mais quentes do ano tiveram mais registros de mortes que os períodos de frio. No Estado, por exemplo, 1.399 pessoas morreram em fevereiro, número superior à soma das mortes notificadas em junho, julho e agosto.
— Nesses dois anos e meio (de pandemia), vimos que o vírus não respeita as estações do ano. Dos picos maiores, só um foi no inverno, com dois ou três no verão. Certamente, o que condicionaria para uma piora no cenário seria o aparecimento de uma nova variante que as vacinas não conseguissem nos proteger. Esse é o nosso grande risco. Fora isso, as coisas estão relativamente sob controle — comenta o infectologista.
A verificação de situações menos graves e a queda de registros da doença também são notadas por Fabiano Ramos, médico infectologista e diretor-técnico do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Segundo ele, está bem definido o grupo que ainda precisa de hospitalização no Rio Grande do Sul:
— Os casos graves estão cada vez menos frequentes e os que ainda estão internados são pacientes imunossuprimidos, com raras exceções. Aparentemente, temos uma circulação menor do vírus, com casos mais leves. O número de internações tem demonstrado isso — relata.
O médico diz que isso ocorre porque o Rio Grande do Sul tem hoje uma cobertura vacinal "muito boa", quando comparada a outros a outros Estados brasileiros. Esse fato foi capaz de fazer com que os infectados não precisassem de hospitalização, por terem, assim, quadros mais brandos da doença.
Entretanto, o médico infectologista do Hospital São Lucas afirma que o otimismo com o momento não significa que não seja necessária a completa imunização contra a covid-19, o que hoje é verificado em apenas 59,8% dos moradores do Estado, de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES).
— O vírus não parou de circular, apesar do número menor de casos graves. Fazer a quarta dose é importante, especialmente para pessoas que têm maior fator de risco, como idosos ou aquelas pessoas com doenças crônicas — pontua Ramos.
Números da pandemia
Rio Grande do Sul (até 1º de setembro de 2022)
Casos confirmados: 2.713.448
Mortes: 40.876
Brasil (até 1º de setembro de 2022)
Casos confirmados: 34.429.853
Mortes: 683.965