A pesquisa Covid-VRP, que analisa o nível de prevalência do coronavírus no Vale do Rio Pardo, começou neste sábado (15) sua segunda fase de coletas. Assim como na primeira etapa, são aplicados 1.063 testes em 14 municípios da região. As equipes, que totalizam entre 200 e 250 participantes, percorrem áreas urbanas e rurais até terça-feira (18). A previsão é de que na quinta-feira (20) seja possível ter conclusões sobre essa parte do estudo.
A avaliação tem mais dois ciclos programados, cada um com 15 dias de diferença entre eles, assim como os já realizados.
— O que a gente quer enxergar a cada duas semanas é a evolução da detecção de anticorpos. O que se espera é que cada etapa mostre um aumento nas detecções, mostrando que mais pessoas tiveram contato com o vírus — explica o coordenador da pesquisa, Marcelo Carneiro.
O médico infectologista complementa que o teste usado pelo grupo é o de anticorpos IgM (avalia anticorpos de memória) e IgG (demonstra um contato mais breve com o coronavírus). Trata-se de uma metodologia diferente, por exemplo, da aplicada pela Epicovid19-RS, realizada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
— Com esse nosso teste, é possível dizer se a pessoa tem a doença há menos de sete dias ou mais de três semanas. Por isso o intervalo que fazemos na pesquisa de duas em duas semanas — revela Carneiro.
Outro diferencial, conforme o pesquisador, é que os colaboradores não ficam apenas em áreas centrais. Trechos no interior das cidades onde ocorrem as coletas também são contemplados.
— Na primeira etapa, vimos que 30% dos exames reatores foram em zona rural. Isso mostra que, realmente, a covid-19 está interiorizando. Não é só a pessoa da cidade que está sendo afetada pela doença — pontua Carneiro, acrescentando que o estudo quer ainda avaliar questões sócias demográficas.
— Detectamos, na primeira fase, que 6% das pessoas perderam emprego ou mudaram regime de trabalho. A pandemia repercutiu economicamente no desemprego. Queremos ver se isso se mantém ou aumentou região, que tem um PIB alto. Fato é que o impacto da doença é real.
A pesquisa realizada pelo Consórcio Intermunicipal de Serviços do Vale do Rio Pardo (Cisvale) e a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) apontou uma prevalência do coronavírus de 2,9% na região na primeira fase. O dado mostra que cerca de 10 mil habitantes do Vale do Rio Pardo tiveram contato com a covid-19.
Os municípios que recebem a visita dos pesquisadores são: Boqueirão do Leão, Candelária, Gramado Xavier, Herveiras, Mato Leitão, Pantano Grande, Passo do Sobrado, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz.
Outra frente
A sétima fase do estudo de prevalência do coronavírus no Rio Grande do Sul (Epicovid19-RS) também está em andamento neste fim de semana. Santa Cruz do Sul, contemplada pela Covid-VRP, também é foco da coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e busca estimar o percentual da população gaúcha que já contraiu a covid-19.
Além do exame, o participante selecionado responde a uma entrevista rápida sobre sintomas, busca por assistência médica e rotina dele e da família em relação ao distanciamento social. A previsão é de que os resultados sejam divulgados cerca de 72 horas após a finalização da coleta de dados.