Especialistas propõem ampliação de vagas de residência no Brasil

A comissão de especialistas que trabalha na reformulação do curso de Medicina começa hoje a elaboração de uma proposta alternativa ao acréscimo de dois anos ao estudo médico no Brasil. Em Entrevista ao Gaúcha Atualidade, o ex-secretário de saúde de São Paulo e integrante do grupo, José da Silva Guedes, disse que em reunião há cerca de duas semanas, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, pediu o aprofundamento da proposta levada pela comissão ao governo. O principal ponto defendido pelos especialistas é a universalização do acesso à residência médica em vez da obrigatoriedade do exercício da medicina no SUS dois anos após a conclusão do curso, que hoje tem duração de seis anos.

"A proposta de dois anos a mais no curso de medicina, em que os estudantes trabalharão no SUS, é muito complicada; ela implica que Conselhos Regionais de Medicina emitam documento que diga que o cidadão fulano de tal, formado, que concluiu o sexto ano, está autorizado a exercer atividades numa rede de ensino, mas não é médico liberado pra atender no país".

De acordo com José da Silva Guedes, atualmente as vagas de residência no país permitem que cerca de 60% dos alunos de medicina façam uma especialização. Hoje, algumas faculdades brasileiras oferecem estágios de especialização como alternativa à falta de vagas. Contudo, Guedes alerta que o estágio concede um certificado e não oferece bolsa-auxílio, enquanto o residente recebe cerca de R$ 3 mil mensais no período e, ao final dele, o título de especialista.

Mais investimento em saúde

José da Silva Guedes, que é médico da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, destacou que é preciso, também, buscar outras medidas para melhorar a qualidade do atendimento de saúde no Brasil.

"Estamos lutando pra que 10% do orçamento da União seja empregados em saúde, para que os estados invistam 12% e os municípios, 15%. Isso vai ser fundamental".