A prefeitura de Porto Alegre quer instalar telões de LED no Mercado Público. Oito painéis eletrônicos substituiriam os cartazes que ficam no meio do centro comercial e em cada uma das entradas, destinados a publicidade. O edital do pregão eletrônico para disputa das empresas interessadas em executar o serviço foi publicado no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa).
Os quatro telões no meio do mercado terão quatro metros de altura e dois metros de comprimento cada. Juntos, os equipamentos pesam mais de 600 quilos. Devido ao peso, não serão presos diretamente no teto, mas em cordas de aço sustentadas nos corredores aéreos.
Os outros quatro painéis, que ficarão um em cada entrada, terão, individualmente, 1m5cm de altura e 1m comprimento.
Somando todas as estruturas, serão 38 metros quadrados de espaços destinados a publicidade. A empresa escolhida para tocar o serviço será escolhida em um leilão da prefeitura nesta quarta-feira (27), às 10h, realizado no Portal de Compras Públicas.
O lance inicial será de R$ 10,7 mil. A empresa que oferecer o maior valor vence. Depois, além de arcar com custos de instalação e de manutenção dos equipamentos, deverá pagar uma outorga mensal de R$ 5,3 mil à prefeitura. Haverá uma carência de 180 dias para iniciar o pagamento — tempo estipulado pelo município para a instalação dos equipamentos.
A receita arrecadada com o valor entrará no Fundo Municipal para Restauração, Reforma e Manutenção do Patrimônio (Fun-Patrimônio), usado para melhorias de imóveis da prefeitura, incluindo o próprio Mercado Público.
Restrições
A empresa que operar os telões deverá, obrigatoriamente, destinar uma cota mínima de tempo para conteúdos institucionais da prefeitura de Porto Alegre, como campanhas de utilidade pública e ações culturais. Hoje, essas informações ficam expostas em cartazes impressos, que, em pouco tempo, ficam desatualizados. O material divulgado atualmente mostra a campanha do aniversário de 252 anos da Capital, celebrado em 2024.
— Sempre tivemos um custo anual para trocar esse painel. Ele é basicamente para divulgar informações institucionais da prefeitura, mas dá muito trabalho para trocar. Sendo assim, fica desatualizado em pouco tempo. Agora, ficará mais dinâmico — diz o diretor-geral de Gestão do Patrimônio de Porto Alegre, Tomás Holmer.
Por determinação da prefeitura, os telões de LED não poderão divulgar publicidade de concorrentes do Mercado Público, como ofertas de outros mercados e açougues. Também está proibida exposição de campanhas políticas e conteúdos ilegais nos painéis.
— Teve bastante diálogo entre o poder público e os mercadeiros. Um acabou provocando o outro. Acabamos alinhando alguns pontos. Vimos que, realmente, lançar uma campanha usando esse espaço é muito burocrático hoje em dia. Fica datado muito rápido. Com esses painéis, tu consegue ser muito mais dinâmico — diz o presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central, Rafael Sartori.
Empresas interessadas
Ao menos duas empresas estão interessadas em assumir o serviço. Seus representantes chegaram a visitar o Mercado Público nas últimas semanas.
De acordo com a prefeitura da Capital, uma delas é a Imobi, que investiu R$ 4 milhões em um painel de LED com imagens projetadas em 3D na fachada do shopping Astir Center Mall, na Avenida Nilo Peçanha. A estrutura chama atenção de quem passa de carro pelo local. Na mesma avenida, a empresa instalou mais duas telas na passarela da Unisinos.

A outra empresa interessada em explorar publicidade no Mercado Público, ainda conforme a administração pública, é a H Midia, que também tem um painel 3D em Porto Alegre. Ele foi instalado na fachada do Pontal Shopping, com investimento de 5 milhões.
O contraste da tecnologia com a construção histórica do Mercado Público divide a opinião de frequentadores e dos mercadeiros.
— Não tem nada a ver com o Mercado Público. A gente não é um shopping — diz o sócio de uma loja no centro de compras, que não quis se identificar.
Por outro lado, um de seus clientes diz que a novidade é bem-vinda:
— Esses cartazes aí estão desatualizados. Esses dias, eu estava sem nada para fazer e comecei a ler as bancas que estão escritas (no cartaz em uma das estradas do Mercado). Tem umas que nem existem mais — diz o aposentado Vilson Foss, 72 anos, frequentador diário do Mercado Público.




