
Das verduras fresquinhas ao pastel, passando pelos biscoitos caseiros e o café quentinho: tudo orgânico, como há mais de três décadas. Foi nesse clima de tradição e afeto que a Feira Ecológica do Bom Fim celebrou, neste sábado (16), seus 34 anos de existência com uma festa aberta ao público no Parque da Redenção, em Porto Alegre.
A comemoração reuniu famílias, frequentadores assíduos e curiosos que aproveitaram a manhã para circular entre as bancas e assistir às atrações culturais. É o caso dos professores Rosane, Letícia e Máximo, que fazem da feira um ponto de encontro semanal para tomar um café, botar o papo em dia e visitar os produtores.
— O ambiente é fantástico, poder escolher, fazer amizade. A gente conversa com eles sobre como é produzido, sobre a semente, sobre todo o processo. É maravilhoso. Uma troca com a terra que a gente tem por meio dos produtores — contou Letícia.

O espaço, já conhecido como o maior ponto de comercialização direta de orgânicos da América Latina, ganhou ares de confraternização comunitária, reforçando o tema escolhido para a data: “Semeando as relações”.
Entre os que tornam esse encontro possível está Volmir Forlin, 62 anos, agricultor que há oito anos leva o negócio da família para a Redenção.
— A feira é a base econômica da nossa família. Ela viabiliza não só a troca comercial, mas também a de conhecimento, que é muito importante. É um marco de resistência para nós, pequenos produtores, um ponto de apoio. Aqui o consumidor prioriza o alimento limpo, sem veneno, sem transgênico — afirma o agricultor.

Para ele, a valorização do público é o que mantém o entusiasmo de seguir firme no trabalho:
— Algo que nos motiva muito em estar aqui é justamente a valorização que as pessoas da cidade dão a nós, famílias do campo. Estamos aqui para partilhar o nosso conhecimento, a nossa história e a nossa caminhada.
Celebrada desde 1991, a feira é referência em alimentação saudável e na construção de laços comunitários. Mais de 50 famílias de produtores abastecem a cidade com produtos orgânicos. Dilma Velho de Oliveira, 60 anos, e o neto Henrique Strehl, 36 anos, fazem parte da família fundadora e hoje mantêm o legado de levar alimentos orgânicos diretamente à população, fortalecendo a tradição de troca direta com os consumidores.
— Estou na feira desde a fundação com os produtores. O objetivo sempre foi trazer alimentos sem veneno da zona rural para a cidade, mantendo viva a tradição e a troca direta com o consumidor — lembra Dilma.

Sobre a festa, Dilma reforça a relação com o público:
— A comemoração foi feita para agradecer esse público que está aqui todo sábado. Temos muitos frequentadores cativos que escolhem se alimentar de produtos orgânicos, e essa festa é uma forma de reconhecer essa relação e mostrar um pouco da nossa história e das famílias que fazem a feira acontecer.
Entre os destaques da programação, os shows de InDUO (Luizinho Santos e Bethy Krieger), Renato Müller e Frank Jorge embalaram o público com música instrumental, repertório autoral e clássicos do rock gaúcho. O tradicional Cortejo das Infâncias abriu caminho para o “parabéns a você”, distribuindo bolo e arrancando sorrisos de crianças e adultos.





