
O número de denúncias por más condições sanitárias em estabelecimentos de Porto Alegre registradas pelo canal 156 da prefeitura em 2025 já ultrapassa o total de todo o ano passado. Até a manhã desta segunda-feira (25), foram contabilizados 1.361 registros — 20 a mais do que em 2024 inteiro.
Considerando apenas denúncias com teor sanitário — que tenham de fato conteúdo ligado a problemas fiscalizados pela vigilância de alimentos — o número também é maior: 817 neste ano contra 768 nos 12 meses do ano passado. Em agosto, quando vieram à tona casos de grande repercussão, as denúncias sanitárias chegaram a triplicar.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, após o recebimento, cada denúncia passa por análise. São acatadas as denúncias que apresentam risco imediato à saúde. São priorizados relatos que partem de hospitais, como em situações de surtos. Também é considerada a quantidade de registros e a gravidade relatada.
Questionada por Zero Hora, a Secretaria Municipal da Saúde não divulgou quanto dessas denúncias se tornaram fiscalizações. Na última sexta-feira (22), o secretário Fernando Ritter afirmou que a quantidade de estabelecimentos interditados saltou de 10 para 30 em 2025.
No fim da manhã desta segunda-feira, o vereador Mauro Pinheiro (PP) protocolou um requerimento para convocar Ritter e o responsável pela Vigilância Sanitária a prestar esclarecimentos detalhados na Câmara Municipal. A solicitação deve ser votada pelos vereadores nesta tarde de segunda-feira (25), segundo o gabinete de Pinheiro. Se aprovado, a ideia é convocar o secretário o quanto antes.
"Existem os bons e os maus processos"
O diretor de Relacionamento com as Bases do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região, Nelson Ramalho, participou do Gaúcha Atualidade desta segunda-feira e criticou a exposição e o julgamento dos casos nas redes sociais.
— Quando vai para o Instagram, quando vai para o público em si, isso pode ter vários vieses, que podem ser mais positivos ou mais negativos. Vejo que esses pontos têm que ser cuidados administrativamente — argumentou.
O dirigente ainda ponderou que os estabelecimentos não podem ser avaliados como um todo, já que muitos seguem os procedimentos corretos.
— Em qualquer setor, existem os bons processos e os maus processos e os processos regulares. Se nós formos para a indústria, nós vamos ter empresários que cuidam mais. O investimento dentro deste processo é caro, é dispendioso e é todo dia. Quem trabalha com alimentação sabe que a gente enxuga gelo dentro de processos — comentou.
Empresário critica ação de fiscais
Em meio ao aumento de denúncias e à repercussão das fiscalizações, parte dos empresários vêm criticando as ações da Vigilância em Saúde. No final de semana, donos do estabelecimento Casa Vivá publicaram vídeos nas redes sociais alegando irregularidades cometidas por servidores durante uma vistoria realizada na sexta-feira.
A prefeitura afirmou que recebeu três denúncias referentes ao local e encontrou irregularidades. A reportagem apurou junto a fontes da Secretaria de Saúde da Capital que foram encontrados alimentos vencidos, carnes em processo de deterioração, produtos de origem animal sem procedência e conservas sem controle de pH ou validade. Mais de 300 quilos de alimentos foram descartados.
O Executivo informou que instaurou procedimento interno para apurar a conduta da servidora responsável pela fiscalização.


