Localizado no coração de Porto Alegre, o Palácio Piratini abriga, não apenas a sede do governo do Rio Grande do Sul, mas também túneis pouco conhecidos do público, que, segundo relatos, teriam sido usados como rotas de fuga em caso de ataques.
Projetado em 1909 pelo arquiteto francês Maurice Gras, e inaugurado em 1921, o prédio conta com passagens subterrâneas que despertam a curiosidade dos porto-alegrenses pelas histórias que envolvem sua origem e existência.
Na época, os túneis foram construídos para atender necessidades dos ocupantes do palácio, mas isso mudou com o passar dos anos.
Veja o vídeo dos túneis do Palácio Piratini
De acordo com o diretor-executivo de gestão do Complexo do Palácio Piratini, Mateus Gomes, o local conta com duas alas: governamental e residencial. Os dois prédios contam com um subsolo.
O túnel da ala governamental está desativado, o espaço é estreito e bastante úmido. Já o residencial tem um caráter de depósito, onde existe um projeto para transformar o ambiente em um lugar visitável.
— Existe um túnel, sim, subterrâneo, no Palácio Piratini, que liga esses dois prédios. Mas ele nada mais é do que um túnel de serviço. Pela mística, pela arquitetura que ele tem, as pessoas imaginam várias coisas, e a gente impulsiona esse pensamento, porque é bacana.

Com uma arquitetura vintage e algumas teias de aranha, os túneis se estendem por vários metros abaixo do palácio, conectando diferentes pontos estratégicos.
— Através disso, a gente também conhece um pouco sobre a história geográfica da cidade, da formação de Porto Alegre — afirma Gomes.
Curiosidades e mitos
Como todo local antigo e pouco acessível, os túneis estão envoltos em lendas urbanas que variam desde passagens secretas até histórias de encontros políticos sigilosos. Contudo, especialistas reforçam que muitas dessas histórias não passam de especulações.
Ainda assim, segundo o pesquisador André Hernandez, não há razão para que Porto Alegre não tenha utilizado os túneis como parte de uma estratégia militar.
— É lógico, toda vez que a gente fala com o poder público, sempre vem aquela resposta: não, esses túneis não têm nada a ver. Mas a gente já andou por aqui, viu portas que não levam a lugar nenhum, portas fechadas... Eu, se fosse um estrategista militar, faria túneis para escapar, para poder evitar um cerco — afirmou.
Segredos, mistérios e teorias sobre os túneis
Rota de fuga, túneis conectados e muitos mistérios. As teorias sobre os corredores subterrâneos são diversas, mas uma em especial chamou a atenção do pesquisador.
Um ex-soldado da Guerra dos Farrapos, travada entre 1835 e 1845, teria encontrado um mapa, armas e uma carta endereçada a Bento Gonçalves, dentro de uma toca. O documento trazia instruções sobre como invadir Porto Alegre e indicava a existência de túneis secretos usados como rotas de acesso à Capital.
— É uma história fantástica, tinha um desenho, um mapa. Se esses túneis realmente existiam, a gente não sabe. Mas, quando foram construir o Palácio Piratini e fazer outras edificações da cidade nova, os túneis apareceram bem onde o mapa indicava — diz Hernandez.