Com ameaça de uma nova cheia no bairro Arquipélago, em Porto Alegre, moradores da área mais vulnerável a enchentes afirmam que perderam a referência sobre o comportamento do Rio Jacuí.
Na Pintada, a régua marcava 2m02cm às 10h desta sexta-feira (20), em um ponto onde a cota de inundação é 2m20cm.
— A gente perdeu a referência porque não se sabe o quanto tem ou não do leito do rio embaixo de areia, a profundidade. O nível de água que cai hoje antes era suportável, agora não está suportando — disse o aposentado Anderson Bernardes, que mora em frente ao Jacuí.
Até o momento, não há orientação da Defesa Civil sobre necessidade de evacuação da Região das Ilhas.
O pescador Edmilson Pinho compartilha da sensação de que, mesmo com menos chuva, o Jacuí está enchendo mais, principalmente por influência do Taquari:
— São dois rios com muita violência, com correnteza forte, e ainda tem o vento. Então, a gente não sabe muito até onde vai subir.
Na manhã desta sexta, a água invadia a Rua Nossa Senhora da Boa Viagem, na Pintada, mas ainda não chegava às casas. Conforme a Defesa Civil, a previsão é de que o nível suba, mas sem causar riscos aos moradores. Viaturas circulam pelo bairro para oferecer a oportunidade de abrigo, mas a maioria dos moradores prefere permanecer em casa.
— O temor é sair, porque as coisas ficam. Vou levar o que pode, mas sempre fica alguma coisa. Tem fogão, geladeira, tudo é caro. Mas fazer o quê? Daqui a pouco, tem que sair — disse Osvaldo Gomes de Moura, 79 anos, morador da Ilha Mauá sobre o temor de furtos e saques.
