A estátua de um felino agachado alimentando-se chama a atenção na Praça Maurício Cardoso, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Situada no centro de um espelho d'água, a imagem foi instalada no local por volta de 1942. Porém, a prefeitura não sabe de quem é a autoria da peça executada em cimento na técnica de fôrma e por anos intrigou visitantes sobre qual animal seria: uma leoa, um leão-baio ou um jaguar?
Há mais de 80 anos, durante a gestão do então prefeito Loureiro da Silva, a praça passou por melhorias e decoração. Foi quando a obra ornamental, que não possui a assinatura do escultor, foi instalada em uma das extremidades do espaço.
Desde então, mães costumam levar os filhos até o local para tirar fotos. No passado, havia, entre a vegetação, um caminho das águas que deixava o espelho cheio.
As hipóteses sobre a estátua
Conforme o historiador da arte José Francisco Alves, autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre, o animal representado é um jaguar comendo uma ave. O especialista conjectura sobre de onde a peça poderia ter vindo.
— Na praça, tem o banco com luminária que eu desconfio que era da exposição de 1935, do centenário farroupilha, na Redenção (estandes do Pará e Amazonas). O jaguar também é amazônico. Vai que era de lá também? Mas são só suspeitas — afirma.
Segundo o historiador da arte, no período correspondente entre os anos 1920 a 1940, a linguagem exótica foi incorporada e era comum de ser vista em locais públicos da Capital.
— Era uma tendência e uma moda adotada aqui. Antes, entre os anos 1910 a 1920, já tivemos estátuas gregas nos jardins da Hidráulica Moinhos de Vento — ilustra.
O nome atual do logradouro foi dado em 1938, cinco meses após a morte do advogado, político e professor Maurício Cardoso em acidente aéreo em Santos (SP). O historiador Sérgio da Costa Franco, já falecido, registra em seu livro Porto Alegre — Guia Histórico, informações sobre a praça, antes denominada de outra maneira:
"Teve, de início, o nome de Praça São Manoel, sendo ali lançada, a 24/2/1878, a pedra fundamental de uma capela de igual nome. Essa capela funcionou vários anos e chegou a ser sede de um curato (1912), transferido em 1917 para a Igreja São Pedro, na Av. Cristóvão Colombo."
Caminho d'água até o jaguar será recuperado
A presidente da Associação Honor Camelo dos Amigos da Praça Maurício Cardoso, Regina Schuch, compartilha que a própria entidade adotou o espaço de lazer e mantém um funcionário promovendo a limpeza e a manutenção do logradouro. Sobre o felino, a dirigente comenta:
— A ideia sempre foi que era uma leoa. Na verdade, é um leão-baio pegando uma presa. Há divergências, não temos isso bem claro.
Atualmente, a estátua não está mais circundada pela água, mas isso deverá mudar em breve.
— A ideia é nós recuperarmos o caminho d'água entre as árvores. É o nosso projeto de recuperação — revela.
A prefeita da Praça Maurício Cardoso, Maria do Carmo Meneghetti Soccol, menciona que passou a infância ali e que muita gente gosta de visitar o local em função de ser menor e mais aconchegante.
— Temos um público composto por mães com crianças pequenas, que sentem-se um pouco mais tranquilas. A gente sente que o pessoal gosta de frequentar aqui para ler e descansar — observa.



