Um vídeo gerado com inteligência artificial (IA) mexeu com a imaginação dos porto-alegrenses, ainda mais após semanas em que as temperaturas entraram em queda. Como seria se nevasse em Porto Alegre?
Em 25 de junho, Porto Alegre teve mínima de 1,9°C — recorde de frio no ano. E, um dia antes, o Rio Grande do Sul registrou neve na Região da Campanha.
Com frio recorde, é possível nevar em Porto Alegre?
Para o meteorologista Guilherme Borges, da Climatempo, a chance de neve em Porto Alegre, ao menos por enquanto, é remota. Ele lista três fatores para que o fenômeno aconteça:
- Altitude elevada
- Chuva e umidade elevada
- Presença de massa de ar polar
Como Porto Alegre tem uma altitude média de 10m, é mais difícil que neve. Temperaturas abaixo de zero criam um cenário mais favorável para todo o processo que leva à formação da neve.
— É bem difícil nevar, principalmente em áreas do Brasil que fiquem abaixo de um determinado limiar de altitude. Abaixo de mil metros, já fica muito difícil de nevar no Brasil. Tem que ter uma condição muito boa para a ocorrência disso: questão de chuva, camada de ar muito frio — explica.
A ocorrência de neve em Porto Alegre seria muito, muito, muito restrita, com pouca possibilidade disso ocorrer.
GUILHERME BORGES
Meteorologista da Climatempo
Inteligência artificial simula nevasca em Porto Alegre
As imagens produzidas por IA (veja o vídeo da "neve" abaixo) mostram pontos turísticos e vias importantes da cidade tomados pelo branco da neve. Parte do Parcão, por exemplo, se tornou pista de patinação no gelo.
O tom humorístico não é deixado de lado no vídeo, com a brincadeira de que o gaúcho se diz resistente ao frio. Em certo momento, rodeados pela neve, quatro homens — "us guri" — aparecem de regata e bermuda fazendo churrasco.
Nas imagens, aparecem locais icônicos como:
- Centro Administrativo
- Viaduto da Borges
- Parque Farroupilha (Redenção)
- Estádio Beira-Rio
- Arena do Grêmio
Veja vídeo que imagina neve em Porto Alegre:
Mas... E se nevasse em Porto Alegre?
Em um cenário hipotético, partes mais elevadas da capital gaúcha teriam maior propensão para ter acúmulo dos flocos:
— Quanto mais a gente sobe na atmosfera, mais esfria. Então, consequentemente, se tivéssemos uma umidade mais alta nas regiões mais elevadas de Porto Alegre, provavelmente teríamos registro de maior acúmulo de neve em comparação às outras áreas. Mas só reforçando: isso é bem difícil de acontecer — diz o meteorologista Guilherme Borges.
Apesar de rara, neve já caiu em Porto Alegre
Há mais de 40 anos, em 24 de agosto de 1984, moradores da Capital foram surpreendidos por neve. Segundo a reportagem de Zero Hora na época, o termômetro marcava 5°C na Praça da Alfândega. Ruas de partes mais altas da cidade chegavam a ter uma camada branca de 10 a 20 centímetros. O fenômeno gerou até mesmo confusão entre os meteorologistas para conseguir classificá-lo. À época, a neve foi explicada pela massa de ar polar intensa vinda do sul da Argentina, queda da temperatura, nebulosidade e cobertura total do céu.
— É um caso muito à parte. Provavelmente, tínhamos uma condição de inversão de temperatura, em que a camada da superfície estava um pouco mais quente, mas a atmosfera estava muito mais gelada do que realmente aparentava nos termômetros — pontua hoje o meteorologista Guilherme Borges.
Zero Hora noticiou outros dois casos, em 1994 (8 de julho) e em 2000 (12 de julho), mas do que foi então classificado como neve granular, caracterizada por partículas muito pequenas de gelo.
