
Nos últimos dias, sair de casa para cuidar o avanço da água virou rotina para os moradores da Ilha da Pintada, em Porto Alegre. Parte das ruas já foi tomada pela água, principalmente na Nossa Senhora da Boa Viagem e em trechos da Presidente Getúlio Vargas.
Nestes locais, a via está coberta pela água, que chega em parte dos pátios das casas mais baixas. Na noite deste domingo (22), quando a reportagem de Zero Hora circulou pela região, o nível da régua instalada no Recanto da Orixá estava em 2m50cm, acima da cota de inundação de 2m20cm.
Do outro lado, o Guaíba marcava 2m75cm, no Cais Mauá, e 3m21cm, na Usina do Gasômetro. As medições apontam para cota de alerta, mas ainda abaixo da cota de inundação.
Na Praça Salomão Pires, na Rua Capitão Coelho, uma estaca de madeira fincada por um morador mostrava que a água já havia subido um pouco menos um metro.
O acesso à ilha pela Rua Gabriela Nascimento, em Eldorado do Sul, já está bloqueado em razão da correnteza da água embaixo de uma obra. Apenas pela Rua dos Pilares é possível passar embaixo da rodovia e ir em direção à Avenida Martinho Poeta.
No local, onde fica o bairro Picada, também há trechos de alagamentos. E a cena de alerta constante se repete.
— A gente vem cuidando de uma em uma hora para ver onde aumenta. Fizemos um plano. Se a água dobrar essa esquina, a gente sai. A gente se lembra muito de maio, o trauma fica — afirma Caroline Dillemburg, moradora da Rua do Retorno.
Conforme a Defesa Civil de Porto Alegre, o avanço da água na Ilha da Pintada é decorrente da vazão dos rios afluentes, que ainda estão em declínio, e das movimentações do Guaíba com o vento. A estimativa é que a variação na ilha seguirá pelos próximos cinco dias.