O Mercado Público de Porto Alegre recebeu, nos últimos dias, cores e aromas diferentes daqueles que tradicionalmente marcam o coração do Centro Histórico.
Perto de mil plantas de diferentes espécies fizeram parte da segunda exposição de orquídeas realizadas neste ano pelo Círculo Gaúcho de Orquidófilos (CGO) — entidade que reúne amantes desses vegetais reconhecidos pelas flores exuberantes e delicadas. Além de admirar espécimes raros, os visitantes puderam levar para casa exemplares por preços que estavam variando de R$ 15 a pouco mais de R$ 100. A exposição, que começou na quinta-feira (12), se encerra neste sábado (14), às 18h, e a venda de mudas, às 19h.
Logo ao entrar no espaço do térreo destinado à mostra, os visitantes deparam com o "pódio" das melhores orquídeas desenvolvidas na floração atual. Ali, era possível encontrar, por exemplo, a pequena Gomesa cornigera flava, caracterizada por minúsculas flores amarelas com uma grande diferença em relação ao padrão da espécie: em vez das pétalas amareladas serem marcadas por manchas mais escuras, exibiam um único tom. É uma variação rara determinada pelo acaso que favoreceu a criadora Beth Mota.
— Até chorei quando soube da raridade que é desenvolver esse tipo de orquídea — conta Beth.
Beth começou a cultivar orquídeas de forma regular há cerca de cinco anos, dedicando-se com mais afinco a um apreço pelas flores herdado da família. Na primeira exposição em que toma parte com sua produção, já garantiu um lugar de destaque entre os participantes. Mas havia muitos outros representantes no pódio, cada um por alguma particularidade que nem sempre o olho leigo consegue identificar.
— Essa é a melhor planta da exposição. A forma, a cor...vê essa pétala, como é bem armada? — explica o criador Arthur Klier com a mão apontando para uma C. purpurata sanguínea de coloração arroxeada criada por outro cultivador, Mattheaus Leppich.
Klier também tinha uma representante sua no pódio, uma Bulbophyllum affine, conhecida pela dificuldade de manejo. Assim como muitos porto-alegrenses, sua planta estava sofrendo com o abafamento dos últimos dias na Capital. Em vez de exibir as pétalas bem abertas, apresentava-se algo murcha nas últimas horas. O responsável já planejava realizar uma troca de recipiente para revigorá-la.
Em uma área anexa, os interessados podiam adquirir exemplares para levar para casa. A cirurgiã-dentista de Marau Poliana Falabretti, 44 anos, acabou tendo sorte. Passeava pelo piso superior do mercado quando olhou para baixo e se surpreendeu com a exposição de suas amadas orquídeas. Desceu correndo e, no começo da tarde, já estava com uma planta na sacola enquanto seguia avaliando outras para comprar.
— Já tenho algumas em casa. Quando vi que estavam realizando esse evento, pensei "tenho de ir ali". Adoro a delicadeza dessas flores, fico tempo olhando para elas — conta Poliana.
O evento, realizado pelo CGO com patrocínio do Sicredi e apoio da prefeitura, também controu com palestras gratuitas sobre como cultivar tipos específicos de orquídeas. O próximo evento deverá ser realizado em março do ano que vem, período que coincide com uma nova floração.
Dicas de cultivo
- Preste atenção nas necessidades de cada espécie. Algumas, por exemplo, preferem o ambiente externo, enquanto outras são mais propícias para ficar dentro de casa. Informe-se bem com um especialista.
- Cuidado com o excesso de umidade. Água demais pode comprometer a planta.
- Uma forma de evitar muita umidade é colocar a planta em um solo de drenagem mais rápida — o que pode ser obtido com a colocação de substratos como lascas de madeira, carvão ou brita, por exemplo.
- Em geral, as orquídeas gostam de claridade, mas deve-se evitar o sol direto. Dentro de casa, pode-se deixá-la em local com insolação "filtrada", como atrás de uma cortina translúcida ou com a luz refletida.
- Cuidado com a quantidade de adubo. As orquídeas não necessitam de tanto adubo quanto outras plantas.
Fonte: CGO