Uma criatura bizarra, com braços disformes brotando do tronco vermelho e semblante raivoso, e cinco personagens heroicos desconhecidos dos fãs de Marvel e DC apareceram na Praça Brigadeiro Sampaio, onde fica o monumento do Tambor. As esculturas surgiram misteriosamente no centro de Porto Alegre, e a prefeitura afirma que não foi dada autorização para a intervenção, intitulada “Super-Heróis contra a Covid”.
Por trás dela, está o roteirista de quadrinhos e cineasta Luciano Moucks, que ficou conhecido com o personagem Super Tinga. O artista já virou notícia em 2018, quando ocorreu a instalação de uma escultura de concreto de três metros deste super-herói na Esplanada, no bairro Restinga.
Outros personagens de Moucks que chegaram à Praça do Tambor agora também já despertaram curiosidade e geraram polêmica em outras cidades. A estátua da Abelha Girl foi instalada na Vila do Mel em Balneário Pinhal, no Litoral Norte, onde não é unanimidade entre os moradores, e GZH mostrou que alguns moradores encararam a aparição do bobo da corte Quatro Ases em Alvorada como uma chacota à população há três anos.
Além desses, os outros dois heróis que apareceram na Praça Brigadeiro Sampaio são o Fúria, que representa a cidade de Gramado e o continente da Antártida, e a PomPom, heroína de Canela que também representa a Europa – cada personagem simboliza uma cidade e um continente, explica Moucks. O nome do grupo é “Monumental Super”.
Moucks conta que a Praça Brigadeiro Sampaio foi escolhida em razão da sua história: também conhecida como Largo da Forca, era o destino de condenados ao enforcamento, principalmente de escravos que desafiavam seus senhores.
– Aquela praça foi escolhida pelo fato de as pessoas serem enforcadas e de um contraste, pois no passado os negros eram enforcados e hoje existe um super-herói negro da cidade que está em diversas cidades pelo mundo e é muito querido na África – afirma.
![Marco Favero / Agencia RBS Marco Favero / Agencia RBS](https://www.rbsdirect.com.br/imagesrc/32110919.jpg?w=700)
Moucks conversou com a reportagem de GZH pelo WhatsApp. Respondeu, inicialmente, fazendo ele mesmo as perguntas: “O que tu vês? Por que elas estão em uma prisão? O que é aquela figura que até uma criança de cinco anos sabe o que é?”, questiona, referindo-se a uma representação do coronavírus.
O artista afirma que a ação foi possibilitada a partir da Lei Aldir Blanc, e que também buscou apoio de empresas do Centro. Sem dar muito detalhe, afirma que planeja instalar outras estátuas, além de diversas ações com atores que interpretam os heróis. Ele também antecipa que está realizando um novo filme e conta que seus projetos são alvo de “todo tipo de ataque”.
Como é necessário obter autorização para uso de espaço público, a Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade afirma que a fiscalização já foi acionada e há o pedido para que o responsável remova as peças do local o mais breve possível.