O ritmo de crescimento nas internações de pacientes com covid-19 nas unidades de terapia intensiva (UTIs) de Porto Alegre diminuiu nos últimos sete dias em comparação com a semana anterior.
Isso significa que ainda há tendência de aumento na hospitalização de casos graves, mas em velocidade inferior ao que vinha sendo registrado na cidade. As internações subiram 17% nos sete dias entre 2 de julho e esta quinta-feira (9), ritmo quase três vezes menor do que no período anterior, quando o avanço chegou perto de 50%.
Até as 17h, o painel de monitoramento da prefeitura indicava 191 pacientes com coronavírus, mas o Hospital Conceição ainda não havia atualizado suas informações desde a véspera. Como, segundo apurado por GaúchaZH, a instituição passou de 39 para 41 doentes com teste positivo nesse período, na verdade havia pelo menos 193 pessoas em UTIs naquele momento.
Uma semana antes, eram 165 doentes com diagnóstico confirmado para covid-19 hospitalizados em estado grave, e a pandemia estava em ascensão exponencial. Nos sete dias anteriores, entre 25 de junho e 2 de julho, a demanda por leitos para tratamento intensivo avançou 47%. Nesse intervalo, a pressão exercida pelo coronavírus chegou a provocar uma disparada de 20% nas hospitalizações em apenas 48 horas. Agora, há indícios preliminares de que essa curva está voltando a inclinar para baixo.
— Ainda registramos crescimento nas internações em UTI, mas não da forma exponencial como vinha ocorrendo — analisa o secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer.
Até a quinta-feira da semana passada (2), as projeções atualizadas diariamente pela secretaria indicavam que a quantidade de leitos ocupados em UTI por pacientes com coronavírus dobrariam a cada 15 dias. Agora, em razão do freio na demanda por vagas, essa expectativa se ampliou para 27 dias. A média de novos doentes registrados por dia também recuou: de sete para 4,7.
Uma das explicações para essa mudança de tendência é a retomada de mais limitações à mobilidade social na cidade.
— Faz cerca de duas semanas desde que entrou em vigor aquele decreto que voltou a impor restrições a atividades como comércio e indústria, além das novas medidas adotadas nesta semana. Os próximos dias seguirão sendo muito importantes para vermos que caminho vamos seguir — afirma Stürmer.
O decreto de junho voltou a reduzir as atividades comerciais, industriais e de alimentação. Publicado no começo da madrugada de segunda-feira (6) com validade a partir do dia seguinte, uma nova legislação ampliou ainda mais as limitações à circulação de pessoas ao fechar parques, bloquear vales-transporte e desabilitar espaços de estacionamento, entre outras iniciativas. O impacto desse segundo conjunto de determinações deverá ser sentido com maior clareza nos próximos dias, já que pode levar até duas semanas para o ciclo da doença se completar.
Projeções indicam mais tempo para atingir teto de leitos
O freio nas hospitalizações também alterou as projeções de quando seriam atingidos os três “tetos” de leitos destinados à pandemia que a prefeitura elaborou para organizar o sistema de saúde da Capital.
O primeiro patamar, de 174 vagas em hospitais públicos e privados reservadas a pacientes com exame positivo para o vírus, já foi superado. O nível seguinte, chamado intermediário, prevê 255 vagas. Uma semana atrás, estimava-se que esse limite seria alcançado por volta de 11 de julho. Agora, com base nos dados dos últimos dias, a projeção foi recalculada e adiada para o dia 20 deste mês.
A expectativa de se romper o teto mais elevado previsto no plano de contingência municipal, com 383 leitos ocupados por doentes de covid, foi postergada de 20 de julho para 14 de agosto. A permanência, antecipação ou um novo adiamento dessas datas vai depender da adesão da população de Porto Alegre às medidas de prevenção e do resultado disso sobre a rede hospitalar da Capital.