O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, anunciou na tarde desta quarta-feira (22) a retomada das atividades de construção civil a partir de quinta-feira (23). Um decreto deve ser publicado até o final do dia pela prefeitura, informou durante entrevista ao jornalista Daniel Scola no programa Live GZH, transmitido ao vivo pelo site de GaúchaZH.
Conforme Marchezan, o trabalho será retomado com horários diferentes do normal, iniciando mais tarde e terminando mais cedo. O objetivo é evitar aglomeração no transporte publico em meio à pandemia de coronavírus, já que boa parte dos trabalhadores da área se desloca em coletivos.
— A gente tem na construção civil em torno de 27 mil pessoas com carteira assinada. É o terceiro setor que mais traz recursos para a prefeitura e, obviamente, também precisamos de recursos para comprar respiradores, equipamentos para proteção individual, testes, entre outros. Não podemos ficar eternamente no isolamento social. Essa liberação parcial vai servir para fazer outras avaliações — disse.
Segundo o prefeito, inicialmente a liberação será para a construção civil, mas a tendência é de que para os próximos 15 dias, se os números de casos continuarem na média atual, também possa haver autorização para o funcionamento de indústrias.
Durante a conversa, o prefeito apresentou dados comparando a situação de Porto Alegre com outras cidades do Brasil e da Europa. Segundo ele, o fato de a Capital ter feito restrições a atividades uma semana antes da primeira morte por coronavírus possibilitou achar a curva da doença.
Em relação a reabertura de bares e restaurantes, Marchezan disse que ainda não há como garantir prazos:
— O setor de bares e restaurante é um pouco mais delicado. Envolve muitas estruturas de contato. Uma movimentação maior de pessoas. Então conversamos com eles, e estão entendendo que a gente precisa chegar ao fim de abril e maio para ter mais dados concretos, mais evidências.
Marchezan também falou sobre a aglomeração de pessoas em parques e na orla do Guaíba, como foi registrando no feriado de terça-feira (21). Segundo ele, não é possível controlar as pessoas somente com um decreto. Disse esperar bom senso:
— Entendo a necessidade das pessoas de sair, de pegar sol. Mas, infelizmente, não acredito que o decreto tenha tanta força para impedir que as pessoas se aglomerem. Espero apenas que haja mais maturidade, cuidado com hábitos, mais cultura e respeito a si e aos próximos para podermos sair desse período com resultados positivos.
Em relação ao uso de máscaras, o prefeito disse não entender que haja necessidade de obrigar as pessoas a usarem por meio de decretos, como algumas cidades tem feito:
— Hoje não vislumbramos com referenciais científicos a real necessidade. Claro que incentivamos as pessoas a usarem, mas não é algo que vamos obrigar. A gente tem um cuidado de evitar uma superdemanda. Inclusive, não há nenhuma orientação para todos os profissionais da saúde atenderem de máscaras. A orientação é para quem estiver atendendo pessoas com sintomas. Essas sim, obviamente, devem usar.