A apresentação do projeto Cais Embarcadero, na noite desta segunda-feira, atraiu empresários, possíveis investidores e um bom número de políticos locais em mais um passo na tentativa de salvar o atual projeto de revitalização da área.
Como o contrato para a recuperação do Cais Mauá está sob análise do governo do Estado, que não descarta romper o acordo em razão do descumprimento de cláusulas, o evento também serviu para medir o grau de respaldo à estratégia dos atuais responsáveis pela iniciativa.
A cerimônia realizada ao lado do Armazém A7, na área prevista para receber parte do chamado "marco zero" da renovação, reuniu nomes como o prefeito da Capital, Nelson Marchezan, a presidente da Câmara Municipal, Mônica Leal (PP), e o presidente da Assembleia, Luis Augusto Lara (PTB). Uma eventual presença do governador Eduardo Leite seria uma sinalização clara de que o Piratini pretende manter o contrato assinado com o consórcio Cais Mauá do Brasil. Leite não compareceu, mas enviou como representante um auxiliar de peso significativo: o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ruy Irigaray.
Entre o armazém e o Guaíba, os convidados incluíam também empresários que vão colocar suas marcas no Cais Embarcadero e possíveis novos investidores.
— Estão aqui também algumas pessoas com quem estamos negociando para investir na revitalização, inclusive de outros Estados, como São Paulo — afirmou o sócio-diretor da LAD Capital (gestora do fundo de investimentos do Cais), Luiz Felipe Favieri, que evitou citar nomes alegando que as tratativas ainda estão em andamento.
Diante dessa plateia, os responsáveis pelo Embarcadero detalharam o projeto e anunciaram marcas que estarão presentes no empreendimento avaliado em R$ 5 milhões a ser aberto em setembro. Os patrocinadores são Coca-Cola, Heineken, 99 e Panvel. As opções de gastronomia contarão com atrações como 20barra9, Amiche, Bah, Ôxiss, Press, Just Cold, Oak Berry, Cru Cheese & Drink, entre outras.
— Confiamos na seriedade dos atuais gestores e acreditamos que essa área tem potencial para se tornar um cartão de visitas do restante do projeto — disse Eugênio Correa, da DC Set, que responde pelo Embarcadero ao lado da Tornak Participações e Investimentos.
O Embarcadero terá seis restaurantes ao redor do armazém A7 com 500 lugares (sob o nome Travessa Por do Sol), Beach Club, mini mall (pequeno centro de comércio e serviço), quadras multiesportivas, um espaço de contemplação, parque infantil, área para exposições e um "recanto gaúcho" com chimarródromo, além de estacionamento. O acesso a algumas áreas poderá ser pago, como durante a realização de algum evento, segundo Correa, mas a ideia é que a maior parte dos espaços tenha acesso liberado, com cobrança apenas pelos produtos ou serviços.
O governo do Estado, a Cais Mauá e a LAD negociam pontos em aberto como pagamentos em atraso pela concessão da área e uma revisão do período de 25 anos de concessão. Como já se passaram quase 10 anos desde a assinatura do contrato, os empreendedores pretendem que esse prazo seja contabilizado apenas a partir da autorização definitiva para obras, concedida pelo Piratini no ano passado.
Entenda o caso
- Há três décadas Porto Alegre e o Estado tentam dar um novo destino ao Cais Mauá, voltado ao lazer e a gastronomia. Nesse período, várias propostas naufragaram.
- Em 2010, a então governadora Yeda Crusius assinou contrato com o consórcio Cais Mauá para revitalizar a área do cais.
- Problemas burocráticos envolvendo o Estado e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários atrasaram a iniciativa, além da demora do município para conceder as licenças necessárias para o empreendimento
- Em 2017, o município concedeu as licenças, e no começo de 2018 o governo estadual liberou o início das obras.
- Desde então, o projeto passou a enfrentar problemas como suspeitas envolvendo antigos gestores da Cais Mauá (alvo de uma operação da Polícia Federal, que não participam mais do projeto), falta de dinheiro e de confiança de potenciais investidores.
- O lançamento do Cais Embarcadero serve para atrair novos investidores. A Cais Mauá locou uma parte da área para a CD Set e a Tornak, que por sua vez buscaram parceiros comerciais em áreas como gastronomia. É um projeto previsto para durar quatro anos, na área onde depois deverá ser instalado um centro de compras e serviços. A recuperação dos armazéns deverá ocorrer paralelamente.