O ano de 2018 registrou um aumento no número de casos de vandalismo na sinalização viária de Porto Alegre. As placas são os alvos mais comuns de pichações, colagens de adesivos e furtos — além batidas de veículos.
De acordo com o levantamento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a cada 10 placas de trânsito instaladas nas ruas da Capital, três ficam sem condições de uso após atos de vandalismo. Esse número poderia ser maior se boa parte da sinalização deteriorada não passasse pelas mãos de uma equipe que é responsável por "salvá-las".
Cerca de 90 funcionários da EPTC trabalham na fabricação, manutenção e reciclagem de placas de trânsito, semáforos, paradas de ônibus e outros itens de mobiliário urbano em um espaço localizado na Rua Gênova, no bairro Agronomia.
GaúchaZH fez uma visita guiada à unidade, que tem três galpões onde estão instaladas as oficinas. Em um deles, chama atenção os semáforos para carros, pedestres e ciclistas passando por testes. Nos outros dois galpões, ocorre a triagem das placas e demais sinalizações retiradas das ruas por estarem danificadas e a fabricação ou remontagem dos equipamentos. A unidade produz, por mês, uma média de 700 placas, entre novas e recuperadas.
— Os pichadores estão usando muito o spray automotivo, que não nos dá condições de retirar. Existem solventes que fazem a retirada, mas a película da placa sofre — explica o gerente de mobiliário e sinalização viária da EPTC, Abaeté Torres.
O dia de mais trabalho na unidade é nas segundas-feiras, quando parte da equipe sai às ruas e faz uma varredura, recolhendo o que foi deteriorado durante o fim de semana — sobretudo, por acidentes de trânsito.
A placa de "PARE" é considerada a mais visada pelos vândalos, sendo a campeã de furtos na Capital. Outras sinalizações alvo de furtos constantes são a placa da seta com sentido obrigatório, os cabos dos semáforos, além de botões sonoros usados para a travessia de deficientes visuais. Até o final de novembro, 41 botoeiras foram furtadas nas sinaleiras, causando um prejuízo de R$ 40 mil para a cidade.
— Um "PARE" retirado de um cruzamento pode custar uma vida. Mesmo com a placa, os acidentes acontecem. Imagine sem um "PARE" na esquina... O vandalismo, às vezes, nos dá um sentimento de enxugar gelo pois é muita placa vandalizada — declara Abaeté.
Para recuperar as placas de sinalização vandalizadas, a EPTC gastou, até a metade de dezembro, cerca de R$ 205 mil — 67% a mais do que no ano passado, quando o prejuízo foi de R$ 139 mil. A prefeitura está trabalhando para coibir esse tipo de crime, com parcerias com a Brigada Militar e a Guarda Municipal.