
Ainda que apenas uma pequena área do trecho que passa por revitalização esteja aberta ao público, a orla do Guaíba já atrai o interesse de visitantes. Com a ajuda de um entardecer ensolarado na tarde deste domingo (22), o gramado e o deque próximos à Usina do Gasômetro, já liberados para uso, estavam tomados por centenas de pessoas de Porto Alegre e da Região Metropolitana. O clima era de apreço pelo novo espaço.
Por volta das 17h, o gramado estava tomado por cangas e cadeiras de plástico na grama bem aparada, com aspecto de nova. Descansados, frequentadores interagiam com tranquilidade enquanto dividiam chimarrão. Muitos estiravam ao lado bicicletas, acariciavam cachorros ou brincavam com crianças.
Moradores de Sapucaia do Sul, o casal Viviane Trindade, 36 anos, e Ricardo Rosa, 38, fincaram, por volta das 15h, duas cadeiras dobráveis no gramado ao lado da Usina. Enquanto passavam a cuia um para o outro, conversavam com um entrosamento capaz de ser observado a distância. Os dois elogiaram o novo espaço e expressaram expectativa para a liberação de todo o trecho revitalizado (com 1,3 quilômetro de extensão), o que deve ocorrer entre o fim de maio e o início de junho, segundo a prefeitura. Faltam apenas dois pontos: a instalação de piso podotátil para pessoas com deficiência visual e o restauro da obra de arte Olhos Atentos, doada em 2005 pela 5ª Bienal do Mercosul e usada a partir de então como mirante.
— Está bem legal, melhorou 100% do que era. O resto vai ficar lindo para as pessoas passearem. A infraestrutura que fizeram ficou muito boa. Vai ficar lindo quando liberarem tudo — disse Viviane.
Quem passa o gramado, sobe a rampa em direção ao lago e vira à direita chega ao deque de madeira, atrás do Centro Cultural Usina do Gasômetro. A área, mais aberta, atraía bem mais visitantes, graças à vista privilegiada do Guaíba. O espaço, apinhado de gente usando óculos de sol, era dividido entre cangas ao chão, bicicletas deitadas e frequentadores em caminhar despreocupado. Na proteção de metal em frente ao Guaíba, muitos se apoiavam para admirar o cartão-postal da cidade.
O advogado Gustavo Braga, 35 anos, morador de Porto Alegre, e a empresária Luciana Branbila, 41, de Gravataí, optaram por sentar em uma canga colorida próximo à barreira metálica. Os dois concordaram que as mudanças valorizam a orla, mas pontuaram que faltam lixeiras e bancos para sentar-se no deque e reclamaram do atraso na entrega das obras – prevista inicialmente para abril de 2017.

— Está charmosa, agora parece que estamos mais próximos da natureza. Temos que habitar a cidade. Demorou para fazerem isso – observou Braga.
— Está bem gostoso. E o piso de madeira é melhor do que se fosse em concreto – afirmou Luciana.
Um dos pontos altos para o estudante de teatro Carlos Rach, 31 anos, foi o projeto urbanístico, que valoriza a paisagem. Ele veio de bicicleta com a amiga, a estudante de engenharia civil Janine Rosa, 22, para conferirem o pôr do sol – ambos moram em uma casa de estudantes.

— É um novo ponto de encontro para pedestres e ciclistas. Quando chegamos, dissemos: parece outra cidade. Só tem que cuidar para não ficar elitizado — observou Rach.
— Está mais vivo, com mais vegetação. Eles se importaram com a questão ambiental — afirmou a amiga.
Foi encerrado na sexta-feira o pregão eletrônico para selecionar permissionários para os quatro bares e o restaurante panorâmico que integram a parte revitalizada da Orla do Guaíba. A concorrência na disputa possibilitou chegar ao valor total de outorga, que era o critério de julgamento das propostas. O montante superou os R$ 100 mil. Os nomes das empresas ainda não foram divulgados. O contrato dos habilitados deve ser assinado em até 30 dias e terá 36 meses de duração, prorrogável pelo mesmo período.