
Em sessão que durou quatro horas, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores de Porto Alegre que investiga o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) ouviu novamente nesta segunda-feira (6) o vereador Gilvani Dall Oglio (Republicanos), conhecido como Gringo. O parlamentar foi reconvocado com o objetivo de esclarecer informações que trouxe há uma semana à mesma comissão.
Após o depoimento da segunda-feira passada, vereadores apontaram que Gringo teria admitido irregularidades, ao dizer que uma empresa dele mantinha contrato com a prefeitura durante a enchente de 2024. A fala motivou um pedido de cassação do mandato dele, apresentado na sexta-feira (3).
Nesta segunda, Gilvani falou na condição de testemunha e afirmou que tem conhecimento de contratos irregulares firmados pelo Dmae entre 2023 e 2025. Ele levantou suspeitas sobre serviços para limpeza de tubulações e de abastecimento de água por caminhões-pipa.
— Os elementos novos que o vereador Gilvani conseguiu trazer hoje para a CPI são muito graves. Ele falou abertamente sobre contratos de 2023 e 2024. Coisa que, na segunda-feira passada, tinha ficado um pouco difícil de compreender — avaliou a presidente da comissão, vereadora Natasha Ferreira (PT).
Procurado pela reportagem, o Dmae disse que as falas de Gilvani são "ilações sem provas".
"As alegações carecem de fundamento e não se sustentam diante das evidências técnicas e documentais que embasam os processos de contratação mencionados", argumentou, em nota, o departamento, que destacou seguir à disposição das autoridades (leia a íntegra abaixo).
Depoentes faltaram
Na sessão desta segunda-feira, outros dois depoentes convocados não compareceram. Foram eles o ex-diretor do Dmae Alexandre Garcia e o ex-secretário de Articulação e Apoio dos Municípios do governo do Estado Agostinho Meirelles. Mesmo sem estas oitivas e apesar das novas suspeitas levantadas por Gringo, foi rejeitado um requerimento que prorrogaria os trabalhos da comissão.
— (Alexandre Garcia) já é indiciado e responde a um processo judicial. A CPI não vai contribuir em nada, não vai ter fato novo — argumentou o relator da CPI, Rafael Fleck (MDB), que votou contra a prorrogação.
Com isso, a CPI termina na semana que vem. O relatório será apresentado na segunda-feira (13). Segundo Fleck, o documento deve apontar responsabilidades de empresários.
— Acho muito ruim que a nossa CPI termine sem as demais oitivas — afirmou Natasha.
Irregularidades de 2015
Em 2015, Gilvani Dall Oglio foi um dos alvos de operação policial que apurou irregularidades no extinto Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Ele admite que pagou propina para que empresas dele, na área de saneamento, fossem contratadas para prestar serviços à autarquia. Gringo afirma, porém, que foi coagido na época.
— Os empresários são extorquidos. Desde 2015 eu trago aqui as denúncias — afirmou.
Acompanhado do advogado, Gilvani evitou dar mais detalhes, alegando que o caso está sob segredo de Justiça. O processo ainda tramita.
O que diz o Dmae
O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) repudia as ilações sem provas apresentadas por vereador na sessão desta segunda-feira, 6, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal. As alegações carecem de fundamento e não se sustentam diante das evidências técnicas e documentais que embasam os processos de contratação mencionados.
O Departamento segue à disposição das autoridades, dos órgãos de controle e do Legislativo para prestar todos os esclarecimentos necessários, reafirmando seu compromisso com a transparência e a boa gestão pública.
Instaurada em junho, a CPI do Dmae deverá ter seu relatório final apresentado na próxima semana. O documento, resultado dos trabalhos conduzidos na Câmara, reunirá todos os materiais e informações solicitados pelos vereadores ao longo da apuração — devidamente encaminhados pela gestão.


