
O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, confirmou nesta terça-feira (10) que se reuniu com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os comandantes das Forças Armadas no dia 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, para debater uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Segundo Paulo Sérgio, foi uma reunião rápida e "informativa". O ex-ministro alega que, ao final do encontro, alertou Bolsonaro sobre a "seriedade e gravidade" de medidas como estado de defesa e estado de sítio.
— A gente conversando ali, em uma tempestade de ideias, sobre as consequências de uma ação futura que eu imaginava que poderia acontecer se a evolução das coisas fosse em frente. Nós saímos dali preocupadíssimos — contou.
Estavam presentes, além do ex-presidente, os comandantes da Marinha, Almir Garnier, e do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, segundo Paulo Sérgio. O chefe da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior, estava viajando.
— O presidente mostrou um arquivo cheio de "considerandos", que eram ações, eventos, coisas que aconteceram no governo do presidente, que ele se sentiu de uma forma prejudicado ou injustiçado — narrou o ex-ministro.
Pedido de desculpas
Paulo Sérgio também se desculpou com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter atacado a Justiça Eleitoral na reunião ministerial de 5 de julho de 2022.
— Inicialmente eu queria me desculpar publicamente por ter feito essas colocações naquele dia — iniciou o general.
Segundo ele, foram "palavras mal colocadas" e "inadequadas".
— Quando vi esse vídeo posteriormente eu não acreditei — acrescentou o ex-ministro, que foi interrogado na ação penal da trama golpista.
Na reunião ministerial, o general classificou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como "inimigo" e assumiu que instrumentalizou as Forças Armadas para questionar a condução do processo eleitoral e contraditar as ações adotadas pela Comissão de Transparência Eleitoral da Corte.
O ex-ministro alegou que a comissão eleitoral do Ministério da Defesa não apresentou o relatório sobre as eleições após o primeiro turno, como estava previsto inicialmente, porque a equipe técnica pediu para concluir o documento ao final do pleito.
O general negou ter alterado o relatório ou ter sido pressionado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para incluir no documento a possibilidade de fraude nas urnas.
Paulo Sérgio disse também que se arrepende da nota que divulgou no dia 10 de novembro de 2022, em resposta ao TSE, quando afirmou que o trabalho de fiscalização das eleições feito pelo Ministério da Defesa "embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade de existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas".
— Se fosse hoje, eu não teria feito essa nota ou teria feito um esclarecimento mais ameno — afirmou.
O ex-ministro negou que a intenção da nota tenha sido "contrariar" ou "confrontar" o Tribunal Superior Eleitoral.
Reunião com hacker
O general admitiu que esteve com o hacker Walter Delgatti, a pedido do ex-presidente. Segundo o ex-ministro, inicialmente ele não sabia quem era o hacker, apresentado por Bolsonaro como um "técnico em TI".
Quando tomou conhecimento da identidade de Delgatti, o ex-ministro afirma que desistiu do encontro.
— É um criminoso. Ele não saiu da sala de visitas. Não passou 15 minutos no MD (Ministério da Defesa).
O hacker foi levado a Bolsonaro pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Mais cedo, ao ser interrogado, o ex-presidente afirmou que "não sentiu confiança" nele e o encaminhou para a comissão eleitoral do Ministério de Defesa.