
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, presta depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (13). Ele chegou à sede da PF pouco antes das 11h, horário em que a oitiva estava marcada para se iniciar.
Cid vai prestar esclarecimentos sobre a suposta tentativa de obter cidadania portuguesa para fugir do Brasil. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviou representação ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando buscas contra o tenente-coronel após a família dele deixar o Brasil.
O ex-ajudante de ordens teria contado com a ajuda do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que foi preso pela PF em Recife (PE) na manhã desta sexta-feira.
Mais cedo, Cid foi alvo de operação da Polícia Federal. Inicialmente, havia decisão do ministro Alexandre de Moraes determinando a prisão dele. No entanto, o mandado foi revogado pelo STF pouco depois, segundo a defesa do tenente-coronel.
Quem é Mauro Cid
Tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Barbosa Cid tinha acesso livre ao Palácio do Planalto e Palácio da Alvorada durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro. Ele era ajudante de ordens do ex-presidente.
Ele foi delator na investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado para impedir que Luiz Inácio Lula da Silva assumisse a Presidência. Apesar do acordo de delação premiada, ele também é réu no processo que inclui Bolsonaro e outros ex-militares e membros do governo anterior.
Delação premiada
No acordo firmado com a Polícia Federal, Mauro Cid deu detalhes sobre diversos assuntos que envolviam o ex-presidente. Um deles é o caso das joias, em que o tenente-coronel afirmou que Bolsonaro recebeu US$ 86 mil em espécie ao vender relógios de luxo e outros itens do Acervo da Presidência da República.
Mauro Cid também contou à Polícia Federal que Bolsonaro tinha esperança de que iria convencer os comandantes das Forças Armadas a realizar golpe de Estado. Segundo o tenente-coronel, o ex-presidente não agiu para desmobilizar acampamentos de apoiadores em Brasília entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.
Depoimento no STF
Em depoimento ao STF na segunda-feira (9), Mauro Cid afirmou que Bolsonaro recebeu a "minuta do golpe" e fez alterações. Segundo ele, o desejo do ex-presidente era decretar a prisão do ministro Alexandre de Moraes, que se tornou relator do caso.
— Ele enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades que seriam presas. Somente o senhor (ministro Alexandre de Moraes) ficaria como preso — contou.
Cid também confirmou que repassou dinheiro ao major Rafael de Oliveira, que faz parte do grupo militar conhecido como "kids pretos", a pedido de Braga Netto — candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022:
— O general Braga Netto trouxe uma quantia em dinheiro, que eu não sei precisar quanto foi. Mas com certeza não foi R$ 100 mil, até pelo volume não era tanto, que foi passado para o major de Oliveira, no próprio Alvorada. Fui eu que passei esse dinheiro. Eu recebi do general Braga Netto no Palácio da Alvorada. Estava em uma caixa de vinho, uma botelha, aí depois, se bobear no mesmo dia, eu passei para o major de Oliveira.