
O presidente Jair Bolsonaro subiu o tom das críticas ao relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL). Durante transmissão ao vivo pelas redes sociais, na noite desta quinta-feira (13), Bolsonaro disse que "a CPI do Renan" é um palanque.
– Acabou a palhaçada – afirmou ele, horas depois do depoimento do presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, à CPI.
Bolsonaro repudiou comentários de que o Brasil está atrasado na vacinação para combater o coronavírus por ter ignorado propostas feitas pela Pfizer, em meados do ano passado.
— Fechamos o contrato há pouco com a Pfizer: em vez de ser o total de 70 milhões (de vacinas), fechamos em 100 milhões — destacou. —É o tempo todo o pessoal enchendo (e perguntando): "Cadê a vacina?".
Na "live" da quinta-feira (13), Bolsonaro disse já ter respondido essa questão, ainda no ano passado.
— Até perdi a paciência, porque são vidas humanas em jogo. Tirando os países que produzem, o Brasil está em primeiro lugar. Hoje é o quarto país que mais vacina no mundo — insistiu.
O presidente argumentou, depois, que não podia assinar contrato com a Pfizer antes porque havia "muita incerteza jurídica". Desde o início da pandemia até a noite de quinta, o país registrou 430.596 mortes por coronavírus.
Ao mencionar as vacinas contra a covid-19, Bolsonaro elogiou o depoimento de Carlos Murillo à CPI e voltou a atacar a comissão.
— Precisa falar mais alguma coisa ou vão continuar ainda perturbando? Graças ao trabalho de quem? Do Ministério da Saúde. Começou com quem? Com o Pazuello. Então, essa é que é a verdade. Acho que acabou a narrativa. Acabou aquela conversa mole — disse o presidente, saindo em defesa do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que prestará depoimento à CPI no próximo dia 19.
Apesar de citar vários números e falar em "insegurança jurídica", Bolsonaro não explicou o que ocorreu para o governo deixar de responder, por dois meses, a carta apresentada pelo CEO da Pfizer, Albert Bourla, em setembro do ano passado.
Na ocasião, a empresa oferecia 70 milhões de doses da vacina, mas, nos meses seguintes, fez outras ofertas. Caso o governo tivesse fechado o negócio à época, teria hoje mais pessoas vacinadas, conforme admitiu o presidente da Pfizer na América Latina à CPI.