O governador de São Paulo, João Doria, falou nesta quarta-feira (27), em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, sobre a vacinação contra a covid-19 no Brasil. Um dos imunizantes em uso no país, a CoronaVac, é desenvolvido pelo Instituto Butantan, ligado ao Executivo paulista.
— Vocês lembram como fomos atacados e como o governo federal foi grosseiro com os chineses. Se não fosse a nossa perseverança, não teríamos a vacina do Butantan — disse.
Doria afirmou que serão 46 milhões de doses do imunizante disponíveis até abril. Ainda conforme o governador, o financiamento da CoronaVac até o momento foi "integralmente do Estado de São Paulo".
— Até o presente momento, o governo de São Paulo não recebeu um único centavo (do governo federal). Nem para o Butantan, nem para a vacina. Há um compromisso, há um contrato, mas até agora não houve financiamento de nada. Temos expectativa de que minimamente o governo federal cumpra a sua palavra — afirmou.
Doria também falou sobre os motivos para o que chamou de atraso para o início da vacinação no Brasil. Segundo ele, a politização em torno do tema e a aposta do governo federal em um único imunizante — da AstraZeneca/Oxford — foram alguns dos problemas enfrentados.
— Poderíamos ter iniciado na primeira semana de dezembro — estimou.
Críticas ao governo federal
Desafeto do presidente Jair Bolsonaro, Doria fez duras críticas ao governo federal durante a entrevista ao Gaúcha Atualidade. Ao comentar o corte de 68,9% da cota de importação de equipamentos e insumos destinados à pesquisa científica — que afeta o Butantan, por exemplo —, o tucano afirmou:
— Vale lembrar que o mesmo governo que cancela recursos para programas de imunização é o mesmo que compra R$ 15 milhões com leite condensado, gasta R$ 50 milhões em biscoito e R$ 2 milhões em chiclete. É inacreditável.