O presidente Jair Bolsonaro voltou a ofender jornalistas durante uma agenda em Ipatinga, em Minas Gerais, na quarta-feira (26). Questionado mais uma vez sobre depósitos feitos pelo ex-assessor Fabrício Queiroz para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente chamou, três vezes, um repórter do jornal O Globo de "otário". Outros jornalistas fizeram a mesma pergunta, mas Bolsonaro não respondeu.
O questionamento sobre repasses no valor de R$ 89 mil de Queiroz a Michelle já havia levado o presidente, no domingo (23), a ameaçar um repórter de "porrada". Um dia depois, em um evento sobre a pandemia do coronavírus, no Palácio do Planalto, se referiu a jornalistas como "bundões".
Na quarta-feira, em Minas, Bolsonaro retrucou fazendo perguntas sobre movimentações financeiras da família Marinho, proprietária do jornal O Globo. Indagado por um repórter do jornal Estado de Minas se estava arrependido pelos recentes ataques feitos à imprensa, o presidente respondeu que a pergunta era "indecente".
— O dia em que eu for elogiado pela imprensa, podem saber que o Brasil está indo mal — disse Bolsonaro.
Sem máscara, ele voltou a causar aglomeração ao posar para fotos com funcionários da Usiminas, onde participou de cerimônia de reativação de um alto-forno. Ipatinga é a terceira cidade de Minas em número de casos de covid-19, de acordo com informações da Secretaria da Saúde do Estado.
No evento, Bolsonaro também afirmou que a melhora em sua popularidade, segundo recente pesquisa, se deve ao auxílio emergencial pago durante a pandemia.
— O povo reconhece e sabe que um dia tem um fim. Agora, é o tal negócio. Passamos por tantos problemas no passado e nenhum outro presidente lembrou do povo para dar uma aspirina sequer — disse.
Bolsonaro, no entanto, declarou que o dinheiro não é dele.
— É endividamento. Por cinco meses demos R$ 600. Pretendemos dar, ao final do ano, uma importância um pouco abaixo disso — afirmou.
O presidente voltou a dizer que o auxílio custa R$ 50 bilhões por mês e que tem de ter um "ponto final". Repetiu, ainda, que o valor dos próximos pagamentos ficará entre R$ 200 e R$ 600.
O presidente desembarcou em Minas com quatro ministros: Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, Bento Albuquerque, de Minas e Energia, Braga Netto, da Casa Civil, e Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo. No discurso, Bolsonaro afirmou que em seu governo, pela primeira vez, os ministros foram escolhidos por critérios técnicos.
— Assim se para a corrupção na raiz — disse.