
Nos seis primeiros meses do ano, 19 pessoas foram presas em flagrante por furto de energia em Caxias do Sul. Os números são da Polícia Civil. Ao mesmo tempo, conforme dados da Rio Grande Energia (RGE), quase 450 irregularidades foram constatadas no município.
De acordo com o delegado Rodrigo Kegler, titular da 1ª Delegacia de Polícia, as ações em conjunto com a concessionária visam estabelecimentos comerciais com a suspeita de furto de energia. Apenas entre abril e junho, 12 prisões foram feitas em Caxias.
Rafael Dala Brida, consultor de negócios da RGE, explica que o trabalho da concessionária parte da gerência que trata sobre o combate à inadimplência. Para identificar casos suspeitos de furto de energia, a empresa atualmente conta com um sistema com Inteligência Artificial que monitora instalações que apresentam discrepâncias no consumo. Ou seja, identificam se há quedas significativas de um local que vinha com um consumo médio.
— A partir daí, são apontadas essas instalações, e aí são disparadas notas de serviços que são despachadas para os nossos técnicos fiscais. Então, eles vão até o local e fazem a inspeção. Tem situações que é feita a inspeção e, por algum motivo, realmente teve uma redução de consumo sem ter nenhuma manipulação, nenhuma liberação direta, nem desvio de medidor. É só encerrar o termo como se não tivesse nenhum problema. E caso se identifique a irregularidade, é aberto um termo de ocorrência de irregularidade — detalha Dala Brida.
Constatada a irregularidade, os registros são juntados como provas e é feita uma cobrança administrativa. O consultor esclarece que nos casos que envolvem consumos maiores, como comércios e empresas, a Polícia Civil é acionada.
Pessoas presas em flagrante por furto de energia podem cumprir pena de um a quatro anos (previsto no artigo 155 do Código Penal). A adulteração do medidor constitui crime de estelionato (previsto no artigo 171 do Código Penal) com pena de um a cinco anos de reclusão e pagamento de multa.
Aumento em verificações
Do ano passado para cá, a RGE também verificou um aumento no número de inspeções para verificar casos suspeitos. Em 2024, foram 1.922, com 458 irregularidades constatadas. Até a metade deste ano, foram 2.217 inspeções com 449 irregularidades constatadas. O consultor da empresa acredita que o aumento se dá por conta da eficiência da tecnologia utilizada para monitorar casos.
— Se você começa a fiscalizar e não identifica, você está perdendo recursos. Quando temos um sistema que se usa tecnologia de ponta, como inteligência artificial, ela nos conduz a sermos mais assertivos. Isso aumenta a quantidade de constatações de irregularidade. Diminuímos a margem de erro — destaca Dala Brida.
Além do sistema, Dala Brida lembra que a própria população pode fazer denúncias de forma anônima. O furto de energia, como esclarece o consultor, também prejudica a comunidade como um todo. Situações como problemas de tensão, oscilação de energia e quedas de luz podem ser notadas.
— Quando a RGE libera uma ligação para um cliente, ele tem que informar os equipamentos que tem dentro da sua propriedade para a RGE analisar o sistema da via pública e dimensionar corretamente para atender todos os clientes que estão ligados naquele medidor, entregando uma qualidade de energia. No momento que começam a fazer irregularidade, colocar carga à revelia, nós sem termos conhecimento desse problema, aquele transformador que estava dimensionado por uma determinada carga começa a ter problema de tensão — explica o consultor.
A RGE calcula que a energia que foi furtada no ano passado equivale ao consumo de 500 residências. Ou seja, como se 500 imóveis ficassem sem pagar a contar de luz.
A denúncia pode ser realizada de forma anônima pelo aplicativo da RGE ou pelo site da concessionária. A Polícia Civil também pode ser acionada pelo disque denúncia 181.
Regularização de ligações clandestinas
Conforme o consultor da RGE, há ainda uma outra ação realizada pela concessionária que visa a regularização de ligações clandestinas. Nesse caso, o projeto é em parceria com a prefeitura de Caxias do Sul, já que envolve áreas que passam por regularização fundiária.
— Por meio da regularização fundiária feita pela prefeitura, a RGE consegue fazer a regularização de instalações clandestinas. Através do programa de eficiência energética, porque normalmente são pessoas de baixa renda, conseguimos doar também os postes para os moradores — conta.
Em Caxias, conforme o consultor, foram pelo menos mil residências regularizadas.