
Após um protesto em frente à prefeitura de Caxias do Sul na manhã desta quinta-feira (30), os donos de escolas de Educação Infantil receberam uma previsão de retorno às atividades. Em reunião com representantes da administração municipal, os empresários foram informados de que quando a cidade estiver na bandeira laranja ou amarela, as mais brandas do sistema de distanciamento controlado do governo do Estado, poderá haver aulas. Para isso, são obrigadas a ter aprovado pelo município um documento que garanta a segurança sanitária. Cerca de 60 já fizeram esse protocolo na prefeitura _ a cidade tem cerca de 200 escolas de Educação Infantil.
O protesto silencioso, que pedia a garantia de retomada em setembro, começou por volta das 10h no largo da prefeitura, com cerca de 200 participantes e o cuidado das medidas de distanciamento. Uma comissão foi recebida em seguida pelo vice-prefeito, Elói Frizzo, e pelo secretário do Urbanismo, João Uez. Este foi o 14º encontro entre os proprietários de escola e representantes do poder público. Ao fim, a avaliação das escolas foi de que a possibilidade de abertura é positiva.
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De acordo com Thays Guerra, dona de uma escola, estão sendo feitos protocolos para garantir a segurança à saúde das crianças. Ela explica que um plano de contingência desenvolvido pelo setor estabelece inclusive a formação de grupos de fiscalização, além do distanciamento e medidas de higienização:
— Todo mundo sabe que toda a empresa tem os seus custos e tem de ser mantida. Obviamente se eu te disser que não estou preocupada com as finanças, estou lhe mentindo. Mas também tem o lado do pai e da mãe que necessitam. A gente recebe todos os dias ligações de pais para saber quando vai haver o retorno, que eles estão com as crianças passando até por momentos difíceis emocionais em casa, que eles não têm tempo, mesmo que estejam trabalhando em casa, para dar aquela atenção necessária que elas precisam.
Uma das mães que é a favor do retorno é a advogada Deise Vilma Webber Trindade, que tem duas filhas, de três e cinco anos.
— Se as escolas se adequarem a esses protocolos, eu acredito que é seguro. Cada família tem a sua realidade, cada família tem a sua necessidade. Eu considero que nesse momento é necessário pontuar o que é essencial para a sociedade e, de acordo com aquilo que estamos vivendo, acredito que a abertura das escolas de Educação Infantil é essencial.
Funcionária de uma escola de Educação Infantil e mãe de três crianças de três, oito e 12 anos, Jaqueline Monteiro também participou do protesto e defendeu o retorno. Ela conta que o filho menor tem o comportamento afetado pela falta de contato com os amigos. Além da preocupação com as crianças, a secretária salienta a necessidade econômica:
— Eles (filhos) sentem bastante e nós também, porque se a escola não puder trabalhar, até quando a escola vai segurar nós? Até quando a gente vai ter o nosso salário? Agora, acaba o benefício do governo e, agora, como vai fazer se a prefeitura vai cortar metade das escolas (se referindo à redução do valor pago pela compra de vagas) e particular a escola quase não tem mais? Nenhum pai vai ficar pagando a escola fechada por quatro, cinco meses.
Um número significativo de matrículas foi reduzido devido à pandemia. No início do ano, o Sindicato das Instituições Pré-escolares particulares de Caxias (Sinpré) contabilizava 9 mil estudantes. Conforme a presidente da entidade, Cristiane Pereira, desde o fechamento das escolas, 60% das matrículas de zero a três anos foram canceladas e a faixa dos quatro e cinco anos teve suspensão de 30% dos estudantes.
Vans escolares
Segundo a prefeitura, o transporte escolar também poderá funcionar no retorno das escolas, desde que siga os protocolos de higienização estabelecidos para os veículos de fretamento. Empresária do setor, Patrícia Souza participou do encontro na prefeitura e avaliou a reunião como positiva. Ela defendeu que o governo do Estado facilite o funcionamento das atividades e que os municípios ganhem mais poder no sistema de distanciamento.
