Cristiane Barcelos
Com o cinto apertado após um ano sem verba municipal para a Semana Farroupilha e de recorrer à ajuda de entidades para equilibrar o caixa até dezembro, a 25ª Região Tradicionalista (25ª RT) busca novas formas de atrair dinheiro em 2017 e, assim, garantir a saúde do movimento. O plano principal, segundo Rodrigo Ramos, coordenador que assume em janeiro, é não depender tanto da prefeitura. Para complicar ainda mais, a 25ª RT lida com dívidas herdadas de gestões passadas, que não poderão ser pagas neste ano. De acordo com o atual coordenador, Raul Teles, a entidade acumula uma dívida que chega a cerca de R$ 50 mil.
– Queremos ao máximo sair das mãos da prefeitura. O que eu tenho em mente é andar com nossas próprias pernas – aponta Ramos, que assume oficialmente no dia 13 de janeiro.
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A ideia é tornar a entidade autossustentável, realizando eventos para arrecadar dinheiro, ou captar recursos por meio de iniciativas como a Lei Rouanet, que é federal, em função das dificuldades financeiras do município e do Estado. Ramos lembra que o trabalho da 25ª RT é, em grande parte, voluntário, incluindo o do coordenador e vice. Porém, há despesas necessárias como a contratação de som e a instalação de arquibancadas para eventos, além de custos para a manutenção da entidade. A organização de bailes, almoços e jantares, em parceria com diretores das entidades campeiras e artísticas, está nos planos.
Ao lado de Teles, que assumirá a vice-coordenação, Ramos quer evitar que grandes eventos como a Semana Farroupilha sejam organizados aos atropelos. Para isso, pretendem montar antecipadamente uma comissão com os demais responsáveis, o que inclui a prefeitura, a 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) e a Brigada Militar (BM). Neste ano, por exemplo, foi necessário correr contra o tempo: no início de agosto, o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) anunciou que não teria recursos para o evento, que ocorreria pouco mais de um mês depois. Os festejos, que chegaram a ser ameaçados, ocorreram de forma singela, graças a doações e apresentações voluntárias. Para ter uma ideia, em 2015 a prefeitura investiu R$ 384 mil na Semana Farroupilha.
– Há anos o Rodeio de Caxias e a Semana Farroupilha ficam nas mãos da 25ª RT. Por lei, a entidade é apenas uma colaboradora. Tudo o que se faz com antecedência fica melhor, todos só têm a ganhar – avalia.
Entidades socorreram com dinheiro
Embora a maioria das 121 entidades filiadas esteja em dia com as mensalidades, a 25ª RT precisou pedir ajuda para colocar as contas de 2016 em dia. Segundo o atual coordenador, Raul Teles, 40% da arrecadação anual fica com a 25ª RT, enquanto o restante chega ao caixa do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), responsável por gerenciar 30 coordenadorias espalhadas pelo Estado. Por ano, a entidade sediada em Caxias arrecada cerca de R$ 30 mil com mensalidades, somada a valores menores obtidos com o Cartão de Identidade Tradicionalista (CIT) – de cada R$ 25 pagos por sócio a cada três anos, R$ 10 ficam na 25ª RT.
Para zerar as contas desta gestão, as entidades ligadas à coordenadoria na Serra colaboram com R$ 300 extras até o final do ano, divididos em parcelas de R$ 50 mensais, definidos em um acordo com os patrões. O valor parece pequeno mas, somado, deve corresponder a cerca de R$ 36 mil até dezembro.
De acordo com Teles, o dinheiro será usado para quitar contas com fornecedores e de projetos que a entidade não conseguiu justificar na prestação de contas com o município. Outros gastos incluem telefone, água, luz e manutenção da sede, que é própria. A entidade ainda organiza oficinas e concursos.
– Apesar da dificuldade, vamos conseguir fechar – projeta Teles.