
O vereador Rafael Bueno (PDT) assumiu, nesta segunda-feira (6), o cargo de uma das principais pastas da prefeitura de Caxias do Sul, a da secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Apesar dos desafios, ele promete "revolucionar" o setor com otimização de gastos de pelo menos R$ 35 milhões, implantar metas para os servidores, trabalhar em avanços tecnológicos, diminuir as filas de cirurgias e consultas com especialistas, além de fazer uma gestão mais conectada com a comunidade. Ao lado do novo secretário adjunto, Mário Taddeucci, que já atuava na SMS como diretor jurídico, o objetivo é que essas mudanças já comecem a aparecer nos primeiros cem dias de gestão.
Bueno já é uma figura conhecida na cidade por ter quatro mandatos como vereador, além de ser um crítico assíduo da gestão da saúde desde o primeiro ano como parlamentar. Sua posse ocorreu na unidade básica de saúde (UBS) Cristo Redentor, espaço que conquistou para o bairro onde mora.
Após receber "carta branca" do prefeito Adiló Didomenico (PSD) para modificar os processos internos e externos da secretaria, Bueno disse que entendeu que estava "pronto" para assumir a responsabilidade, deixando de criticar nos bastidores, para ficar "na linha de frente".
Confira a entrevista completa abaixo:
Pioneiro: Como é assumir uma das principais pastas e uma das quais o senhor mais criticava dentro e fora da Câmara de Vereadores?
Rafael Bueno: Na verdade, não é nem na Câmara de Vereadores. Eu fui presidente do bairro Cristo Redentor com 17 anos e foi por meio da mobilização comunitária que demos início à luta da UBS do bairro. Me elegi vereador pela primeira vez sendo o mais jovem, com 21 anos, pela pauta da saúde pública e isso também me consolidou. Não é porque eu sou base que vou ficar calado. Bem pelo contrário. A diferença é que agora eu posso "ser o atacante e fazer o gol" junto com a equipe de servidores públicos, com o meu adjunto, minha equipe da coordenação. Agradeço a confiança do (prefeito) Adiló e do (vice-prefeito) Néspolo. Depois de quatro convites, aceitei porque justamente nas outras vezes existiam "poréns". Agora, eles me deram "carta branca" para virarmos a chave da saúde.
Sobre a "carta branca", o que significa? O que mudou agora para assumir?
Sou o vereador com mais tempo de mandato consecutivo. Os vereadores fizeram esse apelo, por unanimidade, do PT ao PL, pedindo que eu assumisse, bem como os diretores de hospitais, centros de saúde, muitos servidores. E a "carta branca" do Adiló foi começando por essa autonomia de montar a equipe. Além disso, de poder fazer essas transformações que, talvez, muitos não tenham coragem de fazer. E eu não nasci de grito, não nasci de susto. Então, não tenho medo, não tenho medo se for alvo de protesto por uma minoria que está descontente. Eu tenho interesse no público e nos servidores.
Nas suas últimas manifestações na Câmara, o senhor falou muito sobre "entregas em cem dias", mas surgiram questões como corte de gastos, instauração de metas, uma suposta terceirização do Samu, a mudança da localização da Farmácia do Centro Especializado de Saúde (CES). Isso está incluído no pacote?
Tem coisas maiores do que os cem dias. Não adianta a gente trocar o CES de lugar e levar os problemas juntos. Temos que combater o problema antes de levar para lá. Então já estou vendo com o Mário de comprarmos horas médicas desses servidores que se exoneraram, de otimizarmos recursos, já que temos, e tentar minimizar esse gargalo de algumas especialidades que hoje está na neurologia, traumatologia e saúde da mulher. Eu não quero terceirizar nenhum serviço, não é o meu desejo. Agora, se lá na frente isso mudar, e chegarmos no bom senso de ambas as partes, pode ser que aconteça porque a carta branca que a Adiló me deu é de fazer toda e qualquer modificação pelo interesse público. Quem não tem que sair perdendo é a população, e o servidor tem que ser valorizado. E quando eu falo isso é porque temos um projeto de bonificar todos os trabalhadores das UBSs, mas obedecendo os indicadores. Também queremos trabalhar na habilitação da UPA, para termos mais recursos. Mas o foco será na otimização de R$ 35 milhões, com redução de despesas, e ampliação de receitas na Secretaria Municipal de Saúde nesses 100 dias.
A questão da tecnologia também foi citada pelo senhor, como deve trabalhar isso?
Nós vamos fazer uma grande revolução na secretaria da Saúde e essa revolução só vai ser possível através da tecnologia. A ideia é que a gente possa fechar esse contrato com Recife, que tem o detentor do programa (Conecta Recife, um aplicativo que permite que moradores realizem diversos serviços da prefeitura, incluindo o agendamento de consultas, acompanhamento de exames e acesso a informações de saúde), para que a gente possa começar essa transição do analógico para o digital. Isso vai possibilitar que o usuário não fique na fila do CES ou da UBS marcando uma consulta. Claro que vai demorar um pouquinho para implantação, mas eu creio eu que até metade de 2026 já vamos ter o sistema funcionando a pleno vapor.
Sobre a fila por consultas com especialistas e cirurgias, o senhor citou o uso de emendas parlamentares. Isso deve ocorrer em breve?
Eu já tenho reunião marcada essa semana com os diretores dos hospitais, porque nós temos emendas de vários parlamentares. Antes esses recursos iam direto para os hospitais e agora, com uma nova determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), os valores precisam vir para contas municipais para serem usados para procedimentos, então nós temos que adequar agora a tabela de cirurgias para que a gente possa produzir uns dois mil procedimentos com algumas emendas que nós já temos. Lembrando que no dia 18 nós já temos um grande mutirão da saúde da mulher e também de vacinação.
E como foi a escolha do secretário adjunto?

A pessoa que eu tinha escolhido para a equipe era tão competente quanto o Mário. Uma pessoa que conhece a saúde, vive a saúde. Só que quando nós estávamos lá, no último segundo tempo, ela me comunicou que ela iria ter que ficar só um período aqui na secretaria. Então, o Mário é uma pessoa que eu conheço, que já trabalhou comigo em outro momento, na gestão do prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) e eu preciso estar cercado de conhecimento técnico, jurídico, mas, principalmente, que a gente possa fazer as coisas andar. Mesmo estando um caos na saúde pública, que todo mundo sabe, a secretaria estava funcionando e é por causa dos servidores que estão tocando o seu trabalho. Agora o que nós temos que fazer é potencializar esses talentos que temos aqui na secretaria de Saúde.




