
Destruídos pela tragédia climática de maio de 2024, o cartório de Galópolis e o Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) seguem em busca de um imóvel para retomar as atividades na região. Desde o segundo semestre do ano passado, os serviços funcionam no bairro Salgado Filho. Nesta segunda-feira (6), uma audiência pública presidida pelo juiz Carlos Frederico Finger, que tem delegação da direção do foro de Caxias do Sul para tratar dos cartórios extrajudiciais, deu um passo positivo com foco no retorno.
A audiência pública se deu, principalmente, porque Renan Zucchi, nomeado em maio como responsável pelo Serviço Notorial e Registral de Galópolis — antes, uma interina atuava no cargo —, havia entrado com um requerimento pedindo para que o estabelecimento não retornasse mais ao bairro. A decisão, conforme ele, se baseava pelas condições da região no pós-tragédia e a falta de imóveis disponíveis para locação no bairro.
No entanto, conforme ele, nos últimos dias foram oferecidos três terrenos, o que lhe fez reconsiderar a decisão de saída do bairro. A única dúvida é que duas das opções podem estar fora do território de Galópolis. Mesmo assim, ao final da audiência, pediu a suspensão do processo que havia protocolado para analisar os espaços.
— São circunstâncias que modificaram todo o panorama, porque não existiam opções. As opções que existiam não eram viáveis, mas, agora, o rumo mudou — afirmou Zucchi, durante a audiência pública.

Na sequência, Darla Pereira, presidente da Associação de Moradores do bairro Galópolis, iniciou falando sobre a história do cartório e o impacto econômico e histórico para a região. Além disso, apresentou duas propostas de imóveis a Zucchi. A primeira entre as ruas Antônio Chaves e Ismael Chaves e, a segunda, na esquina da Rua José Bolfe com a BR-116.
— Temos uma luz que antes não tínhamos. Não existia real interesse em retornar a Galópolis. A comunidade se engajou em buscar soluções e saímos com uma esperança — afirmou Darla, em entrevista após a audiência.
Renato João Dall’Agnol, presidente do Sindicato Têxtil de Galópolis, também se manifestou. Segundo ele, houve tratativas com Zucchi para a locação de um espaço do sindicato, próximo à antiga sede do cartório. No entanto, não houve resolução. Os moradores Mario Vitor Pinto e Dinarte Alves também se manifestaram a favor do retorno do cartório no bairro.

Representando o Ministério Público (MP), o promotor Adrio Gelatti também esteve presente, mesmo que tenha afirmado que o MP não tenha gerência sobre o processo, mas que acompanha a situação. André Ramos, representante da Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB), afirmou que recentemente houve uma reunião na subseção de Caxias, e que houve consenso sobre a volta a Galópolis.
O prefeito Adiló Didomenico e o diretor-presidente do Samae, João Uez, também se manifestaram a favor da comunidade. Além deles, Felipe Dal Piaz, procurador adjunto do município, se manifestou sobre a possibilidade de locação do espaço do Lanifício Sehbe que, mesmo inventariado, poderia ser utilizado.
— O prédio se encontra em fase de reformas. Tanto a Seplan (Secretaria de Planejamento) quanto a Secretaria de Cultura realizam projetos para buscar financiamentos para o restauro completo. Acredito que havendo o interesse em utilizar o imóvel, não vejo prejuízo em formalizar perante o município e se analise esse pedido com contrapartida — explicou Dal Piaz.
Como Renan Zucchi pediu suspensão do processo, uma vez que cogita retornar ao bairro com as possibilidades apresentadas, o juiz Carlos Frederico Finger aceitou a decisão.
Segundo o juiz, o cartório pode seguir de forma provisória no bairro Salgado Filho até novembro. No entanto, uma vez definido um novo local, há possibilidade de prorrogação para que o espaço seja organizado.


