Inspirado nos primeiros anos dos imigrantes italianos na Serra, a Villa Dei Troni, primeiro parque temático de Caxias do Sul, abre oficialmente ao público neste domingo (12). A vila, construída em uma área de 25 hectares em Ana Rech — uma colônia original de 1875, contempla 40 edificações que proporcionam atrações culturais e gastronômicas. O visitante entra em uma verdadeira viagem no tempo.
A diversidade de ambientes, histórias e possibilidades espalhadas pela Villa Dei Troni fazem até com que o parque ganhe o apelido de "Disney da Colônia". É a forma carinhosa com que o idealizador do empreendimento, o empresário Edson Tomiello, conhecido como Trovão, define a atração, que levou quatro anos e meio para ser construída e teve 1,2 mil projetos elaborados.
— Vai ser a âncora do turismo, a retomada do turismo em Caxias do Sul porque nós estamos retratando a nossa história. Tudo começou aqui em Caxias. O turismo na Serra gaúcha começou em Ana Rech, em 1930. Com isso, nós vamos conseguir resgatar esses cento e poucos anos de história num lugar só, com todas as casas e as obras que foram feitas — celebra Trovão.
O passeio
A imersão se inicia desde a entrada do parque. O visitante apresenta ou compra o ingresso na bilheteria e aguarda a única forma de entrar na vila: um ônibus direto dos anos 1950. O acesso, inclusive, relembra uma estação férrea.
Para quem for de carro até a Villa Dei Troni, há um estacionamento junto à entrada. São mais de 400 vagas. Os veículos devem ficar ali. Todos embarcados no ônibus, o breve passeio até a vila é acompanhado de música italiana. Rapidamente, o turista chega ao centro da atração, que reconstitui uma cidade de época.
Ao mesmo tempo em que o visitante parece desembarcar no final do século 19, há ainda o sentimento de estar em um cenário de novela de época, como Chocolate com Pimenta ou O Cravo e A Rosa.
— Isso é um projeto de família. A nona pode vir aqui, pode trazer o pet para passear junto. Vem passear na colônia, comer uva nos parreirais, e ainda estamos dentro da cidade — aconselhou Trovão, destacando ainda que toda vila conta com acessibilidade.
No local são 40 edificações, como capela, bodega, cozinha da nona, oficinas de antigos ofícios, como a estrebaria, a selaria, a barbearia, a alfaiataria, a escola, a casa do padre, o salão comunitário, entre outros.
A capela, inclusive, está autorizada a receber missas e casamentos — um até foi realizado antes mesmo da abertura do parque temático. A religiosidade está marcada ainda pela gruta original da família Calduro, que pesa 30 toneladas e está exposta no parque.
Riqueza em detalhes e em acervo
Os ambientes apresentam uma riqueza de detalhes na arquitetura e também no acervo. Trovão calcula que são mais de 2,5 mil itens espalhados entre as edificações. Muitos deles doados por famílias da região, que são relembradas nos ambientes. Entre os itens, o primeiro táxi de Caxias do Sul, um modelo de 1920.
Já na Casa Gigia Bandera, por exemplo, há uma homenagem à indústria caxiense. Há itens que eram produzidos pela antiga Metalúrgica Abramo Eberle. A própria estrutura, inclusive, é uma réplica da casinha que está no terraço do Eberle, no centro de Caxias.
Ao lado dela, logo no início da vila, está A Casa de Anna Rech. O espaço, como explicou o professor Valter Antônio Susin, é uma forma de relembrar a história da origem da localidade e da imigrante que deu nome à comunidade. Ela chegou em 1877, depois de sair de Padavena, na Itália, em 1876. Viúva, Anna Rech chegou ao Lote 104 do então Travessão Leopoldina com oito filhos.
— Era tudo mato aqui. Ela construiu a sua casinha e depois, como as tropas de gado passavam por aqui, vinham dos Campos de Cima da Serra até Caxias. Ela entendeu de fazer uma hospedaria para os tropeiros. Então, o pessoal que passava por aqui começou a falar que ia pousar em Ana Rech — conta o professor.
Na casa da Villa Dei Troni, inclusive, está o molde original da estátua de Anna Rech, doada por Bruno Segalla a Susin.
Porão que motivou a construção do parque
Como explica Trovão, as edificações também buscam retratar as diferentes arquiteturas que foram utilizadas pelos imigrantes. Entre os detalhes estão os lambrequins, um ornamento, geralmente feito de madeira, que era utilizado pelas famílias da época — que até mesmo competiam para ver quem tinha o mais bonito. Há também uma homenagem à Itália, com a recriação dos arcos de Roma.
Entre os espaços, está também a Cantina do Nono. O porão em pedra data do século passado e foi construído pelo próprio avô de Tomiello. A construção é que motivou o início do empreendimento.
— Eu estava procurando uma área para construir alguns pavilhões e depois que eu vi essa relíquia de porão, construída pelo meu avô há cem anos. Aí resolvi deixar isso para a história, deixar um presente para Caxias, e aí fazer a vila — relembra Trovão.
Opções gastronômicas na Villa Dei Troni
A gastronomia é ofertada na Villa Dei Troni em diferentes formatos, o que proporciona liberdade aos diferentes gostos. Há o Restaurante Leon, com alta gastronomia italiana à la carte; a Cozinha da Nona, com produção artesanal de pães e pratos típicos, com destaque para a polenta em variadas receitas; a Cantina do Nono, com tábuas de frios, vinhos finos e a alegria das mesas italianas; e a Bodega, com bebidas variadas.
Os visitantes também poderão desfrutar dos parreirais que cercam a propriedade. Experiências também são planejadas para o espaço, como colheita de uva durante a época de safra.
A Villa Dei Troni também estará aberta para receber agendamentos de eventos corporativos, casamentos, formaturas, entre outros. Há espaços que comportam até 400 pessoas.
Serviço
- O quê: Villa Dei Troni
- Onde: Rua José Fabro, 1.661, em Ana Rech, em Caxias do Sul
- Quanto: R$ 70 (inteira), R$ 35 (meia-entrada) para crianças de seis a 12 anos e público 60+. Crianças até cinco anos não pagam
- Funcionamento: de sexta a domingo, das 10h às 18h
- Onde comprar: bilheteria local ou no site da atração.



