
No mês de setembro, um surto de covid-19 no Hospital de Caridade de Canela fez com que a instituição de saúde suspendesse as visitações. A situação não é diferente pela região. Em Caxias do Sul, o número de casos confirmados da doença está em alta. Em uma medição feita entre os dias 14 e 27 de setembro, as semanas 38 e 39 do monitoramento epidemiológico deste ano, foram 80 confirmações — 40 em cada uma delas. Para efeito de comparação, na semana 37, que havia registrado o maior número até então em 2025, haviam sido 30. Os dados são do e-SUS Notifica e Sivep-Gripe, e foram compilados pela prefeitura caxiense.
Conforme a diretora de Vigilância em Saúde da secretaria Municipal da Saúde, Magda Teles, a covid-19 atualmente é tratada como uma síndrome gripal. O município testa os pacientes que vão para internação hospital, seguindo uma orientação estadual. Além disso tem uma unidade sentinela que testa todos os pacientes que chegam com sintomas respiratórios.
A diretora da SMS alerta que, conforme as pesquisas da curva epidemiológica, a alta nos casos de covid-19 acontece, normalmente, entre os meses de novembro e março.
— (Só que) neste ano já observamos no final de agosto e início de setembro casos positivos de covid-19 tanto na unidade sentinela que faz o monitoramento semanal, como nos internados no particular — explica Magda Teles.

Até o momento, em 2025, das 109 mortes causadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) no município, quatro foram pela covid-19. Além disso, foram 35 hospitalizações pela doença entre o início de janeiro até o dia 20 de setembro.
Para além da época do ano em que os casos são mais registrados, Magda afirma que a baixa cobertura vacinal é, possivelmente, outro fator que tem auxiliado na elevação.
Atualmente, a aplicação do imunizante é obrigatória para crianças de até 5 anos, idosos e gestantes. Além disso, há recomendações para pessoas imunocomprometidas — com câncer e HIV, por exemplo —, que devem tomar uma dose a cada seis meses. Já profissionais da saúde e pessoas com comorbidades, como diabetes e hepatites, o ideal é uma dose anual.
Há vacinas disponíveis na rede pública. Em todas as unidades básicas de saúde (UBSs) do município o imunizante é aplicado nas quartas-feiras para as crianças, enquanto que para os adultos ocorre nas segundas e sextas.
— Hoje o Ministério (da Saúde) está fazendo o acompanhamento da cobertura vacinal das crianças, e estamos com 1,23%. Tem muita resistência em vacinar as crianças por parte dos responsáveis, temos que trabalhar muito no quesito orientativo. Se atribui que as crianças passam com sintomas leves, mas elas são contatos, por exemplo, ela está em um ambiente escolar, onde tem facilidade de ter um surto, e, se ela vier adoecer, geralmente quem fica com ela são os avós, e pode acabar sendo um multiplicador da doença na família — diz Magda.
Sintomas e cuidados
Segundo Joana de Souza Sanchotene Moschen, médica infectologista do serviço de controle de infecção hospitalar do Hospital da Unimed, a síndrome gripal é caracterizada por um quadro respiratório agudo com pelo menos dois dos seguintes sintomas: febre — mesmo que não presente no momento da avaliação —, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza e alterações no olfato ou paladar.
Conforme Joana, os grupos que devem estar atentos aos sintomas são as crianças e os idosos acima de 60 anos, além dos pacientes que possuem doenças como diabetes, hipertensão arterial e doenças que levam a imunossupressão do sistema imunológico.
— Em crianças, considera-se também obstrução nasal na ausência de outro diagnóstico específico. Já em idosos, devem ser observados sinais de agravamento como desmaio, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e ausência de apetite — afirma a médica infectologista.
De acordo com a médica, os principais cuidados de prevenção continuam sendo não tossir ou espirrar sem proteger o nariz, vacinação e higienização de mãos. Além disso, para pacientes positivos e com sintomas leves a moderados, o isolamento recomendado é de sete dias, em caso de persistência dos sintomas, seguir até o 10º dia.
— No quinto dia o indivíduo poderá ser liberado do isolamento, caso não apresente sintomas e febre por um período de 24 horas sem uso de medicamento antitérmico e teste negativo para covid-19, pode ser o teste rápido realizado por farmácias.




