
Quem passa por um trecho da ERS-431, entre Bento Gonçalves e São Valentim do Sul, próximo ao km 49, e não conhece a região, pode pensar que a cratera que existe abriu há pouco tempo. Mas ela está ali há quase dois anos.
A estrada é um importante trecho de ligação entre a Serra, o Vale do Taquari e o norte do Estado. A cratera é o que mais chama a atenção pela dimensão, mas os problemas seguem ao longo da via.
— Eu acho que estão esperando que morra gente para tomarem uma providência — alerta o empresário Roque Comin.
— A gente que conhece a estrada já é bem difícil. Tu passar aqui à noite é um perigo constante, porque não tem sinalização e há trechos que a estrada para pela metade — diz Diego Marcolin.
Além do risco à segurança, os problemas na estrada também causam transtornos aos moradores.
— Nós não temos mais rede d 'água, que foi completamente destruída. Hoje nós conseguimos, em uma medida provisória, colocarmos uma mangueira para levar água até as famílias, só que a cada novo reparo, a cada conserto feito na rodovia, essa mangueira também é quebrada, é danificada — explica Eduardo Navarini.
Os moradores também questionam a demora para começar as obras de reconstrução da ponte Santa Bárbara, que fica alguns quilômetros depois da cratera, e leva a São Valentim do Sul.
A ponte foi levada pelas águas na enchente de setembro de 2023 e desde então a travessia no local é feita por uma balsa.
Segundo o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), responsável pela manutenção da rodovia, um trecho de 22 quilômetros entre Bento Gonçalves e São Valentim do Sul deve receber investimentos de R$ 101 milhões para recuperação.
O Daer diz ainda que já realiza serviços de reparos na rodovia, mas não tem previsão de quando deve começar a restauração do local da cratera nem a construção da nova ponte. Enquanto isso, os moradores se arriscam.
— Não dá para esperar, a gente tem que passar e, com mais chuva, vamos ficar sem estrada, nós vamos ficar ilhados — lamenta Roque Comin.