
O que cidades gaúchas podem aprender sobre mitigação de inundações com cidades europeias que enfrentam o mesmo problema? A resposta desse questionamento será respondida por um coletivo de oito universidades gaúchas que integram um grupo de pesquisa em parceria com universidades da Itália e da Espanha.
Em atividades desde maio desse ano, o projeto V-Clima busca entender o cenário de diferentes regiões do Estado e traçar paralelos com as localidades de Emília-Romanha, na Itália, e Valência, na Espanha, que também registraram enchentes em 2024.
Para isso, oito instituições gaúchas estão atuando de forma simultânea na coleta de dados e entrevistas com a comunidade. Participam do projeto a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (Uri), a Universidade Federal do Rio Grande (Furg), a Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), Advocacia Geral da União (AGU), Universidade de Passo Fundo (UPF), a Unilassale e a Universidade de Caxias do Sul (UCS).
No continente europeu, participam da iniciativa a Universidade de Chieti e Pescara e Universidade de Módena e Régio da Emília, na Itália, bem como a Universidade de Valência, na Espanha.
Conforme a professora do curso de Direito Cleide Calgaro, coordenadora das ações na UCS, a ideia é que tanto a comunidade acadêmica, quanto os moradores possam contribuir com o estudo, relatando o que vivenciaram. Nesta terça-feira (24), a UCS promove a oficina “Metamorfose em Debate”, que irá discutir os principais eixos da pesquisa.
— Será um momento para tratarmos da vulnerabilidade às inundações no Sul e nos países parceiros. A atividade terá como convidada a professora Sandra Regina Martini, pós-doutora em Direito e Políticas Públicas. Na semana passada tivemos uma atividade com os alunos do direito, iniciando nossa coleta de informações — revela.

Outras duas atividades estão previstas para o próximo semestre, ainda sem data definida. Segundo a professora, temas como monitoramento, resiliência e ecoansiedade serão explorados na região, sendo que os moradores terão espaço para compartilhar suas vivências durante a enchente de 2024.
— Essas oficinas dentro e fora da universidade servem tanto para a coleta de dados, quanto para ampliar a nossa visão da situação. Por isso estamos planejando a escuta da comunidade, dentro das possibilidades emocionais de cada um.
Após as universidades terem dados robustos sobre os episódios das enchentes, possivelmente ocorra a troca com as universidades europeias. O projeto prevê encontros presenciais entre equipes italianas e espanholas com os gaúchos. As viagens, bem como o custo total da pesquisa, estão sendo custeadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fpergs), que destinou cerca de R$ 1,5 milhão para as atividades.
A previsão é que o estudo seja finalizado em 2027, quando um relatório de resiliência será encaminhado ao governo do Estado, com sugestões e alternativas para enfrentar e minimizar os impactos das inundações.