
Atuando na prevenção, promoção e recuperação da saúde junto dos tratamentos tradicionais da medicina, as terapias integrativas fazem parte das técnicas denominadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI). Em Caxias do Sul, ganham força por meio do projeto Trajetórias e Travessias – Pics Caxias.
O projeto é desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e viabilizado em Caxias do Sul a partir de emenda parlamentar da Deputada Federal Denise Pessôa. Ele começou em abril e oferece atendimentos semanais com aplicação de reiki nas comunidades dos bairros Reolon, Serrano, Mariani e Vila Ipê. As práticas de yoga, na modalidade yogaterapia hormonal, são ministradas pela professora Lis Caberlon no São Caetano e Desvio Rizzo.
— A yogaterapia hormonal é uma técnica específica para o corpo feminino e que trabalha muito as questões de depressão, baixa libido, insônia e irritabilidade. Através de movimentos e respiração intensa, elas já começam a sentir uma melhora no sono e no seu estado de tranquilidade e consciência para a tomada de decisões — explica Lis.
Já nas aplicações de reiki, os participantes são recebidos para sessões que prometem acalmar a ansiedade e promover o bem-estar.
— É um método japonês de imposição de mãos, que não tem a ver com religiosidade. Ele traz muita tranquilidade. É a primeira fala que a gente ouve muito, mas também a melhora do sono e a possibilidade de ter uma disposição melhor para as suas tomadas de decisões — explica a professora.
Para participar, não é necessário ter encaminhamento médico, mas as PICS podem complementar tratamentos tradicionais. Por se tratar de terapias não invasivas, não há contraindicações. A yogaterapia hormonal, por exemplo, não tem movimentos de invertidas e é adaptada ao corpo das participantes.
O público é composto majoritariamente por mulheres aposentadas, observa Lis. Muitas delas, enfrentando os desafios da menopausa e as mudanças hormonais do período.
É o caso de Lenice Ribeiro, de 57 anos, moradora do bairro Desvio Rizzo, que já percebe na prática os efeitos da yogaterapia.

— A gente acalma muito o corpo, acalma a mente, acalma tudo. Outra coisa que as pessoas não percebem é que se juntar pessoas, elas começam a se unir, conversar mais, ter mais alegria... As pessoas pensam diferente depois que fazem o Yoga. É muito sensacional a parte da respiração, ela me ensinou a respirar de uma forma que eu nunca tinha feito antes. Eu tinha muito calorão e depois que eu comecei o yoga, eu percebi que já na primeira semana diminuiu. É muito benéfico pra quem está na menopausa — aponta.
"Aprendi que eu não sabia respirar direito"
Para Neusa Ponzoni, 65, também moradora do Desvio Rizzo, as aulas de yoga foram uma novidade. Ela já tinha ouvido falar sobre a prática, mas nunca teve a oportunidade de fazer aulas.
— É muito legal, muito interessante. A primeira coisa que eu aprendi foi que, nos meus 65 anos, eu não sabia respirar direito. Então, a gente aprende a trabalhar a respiração e que quando tu respira melhor, tudo fica melhor no teu organismo. As dores diminuem um pouco, a insônia sai... — observa a aluna.

Entre os efeitos práticos já percebidos estão a qualidade do sono, menos estresse e mais tranquilidade.
— Eu me sinto mais leve pra fazer as coisas. Não me sinto tão pesada como eu estava antes. Está sendo muito benéfico para a saúde física, mental e espiritual — diz.
Lista de espera para as sessões
Para as aplicações de reiki, nos bairros Reolon, Serrano, Mariani e Vila Ipê, o objetivo é que cada vez mais pessoas tenham acesso à terapia. Por isso, as presidentes de bairro, junto da professora Lis, organizam um rodízio dos participantes.
— Sempre tem gente querendo. A prioridade é para quem nunca fez, depois repete, na medida possível — explica a presidente do bairro Serrano, Justina Ribeiro.
— Eu já fazia, mas depois, por condições financeiras, não deu mais. Como a gente trabalha muito em comunidade, tem muitos conflitos, então tu chega lá pesada e depois fica aliviada, tranquila.

Da mesma forma, a presidente do bairro Reolon, Sane Fiuza, observa que a terapia tem ajudado ela e outras mulheres da comunidade a levar a vida com mais leveza.
Ainda é possível participar
O projeto vai ocorrer em etapas ao longo de 2025 e 2026, e prevê, ainda para este ano, cursos de formação em reiki I e reiki II para moradores das comunidades, além de um encontro com todos os participantes, em data a ser definida.
Ainda há vagas e os interessados em participar podem se inscrever com a coordenadora Lis Caberlon pelo WhatsApp (54) 99695-6100.
Confira onde ocorrem as atividades
- Yogaterapia hormonal
Bairro São Caetano – Nas terças-feiras, com início às 9h30min
Bairro Desvio Rizzo – Nas terças-feiras, com início às 16h
- Reiki
Bairro Serrano – Nas quintas-feiras, das 13h30min às 17h30min
Bairro Vila Ipê – Nas terças-feiras, das 13h30min às 17h30min
Bairro Reolon – Nas segundas-feiras, das 12h30min às 17h30min
Bairro Mariani – Nas terças-feiras, das 12h30min às 17h30min
- Curso de reiki - Nível 1
Bairro Serrano: dia 18 de julho, das 13h30 às 17h
Bairro São Caetano: dia 1º de agosto, das 13h30 às 17h
Bairro Desvio Rizzo: dia 29 de agosto, das 13h30 às 17h
- Curso de reiki - Nível 2
Bairro Serrano: dia 8 de agosto, das 13h30 às 17h
Bairro São Caetano: dia 22 de agosto, das 13h30 às 17h
Bairro Desvio Rizzo: dia 19 de setembro, das 13h30 às 17h
PICS são institucionalizadas há 19 anos
As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) foram institucionalizadas em 2006 pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (PNPIC) e, desde então, já foram implementadas por diversos municípios brasileiros por meio do SUS.
Atualmente, o SUS tem a possibilidade de oferecer, de forma integral e gratuita, 29 procedimentos de Pics à população. Entre as práticas integrativas presentes na PNPIC estão: yoga, aromaterapia, biodança, arteterapia, plantas medicinais e fitoterapia, medicina tradicional chinesa e acupuntura, reflexoterapia, reiki, terapia de florais, musicoterapia e shantala.



