
Um lugar pacato e seguro para ver os filhos crescerem e para cuidar da família. É dessa forma que muitos moradores descrevem Picada Café, que fica a 43 quilômetros de Caxias do Sul. A cidade, com 5,7 mil habitantes, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a que tem a segunda melhor qualidade de vida do RS. É o que diz o ranking do Índice de Progresso Social (IPS), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Com a economia baseada na indústria calçadista e na agricultura, o município da Serra recebeu a nota de 68,43. A primeira do Estado no ranking é Presidente Lucena, com pontuação de 70,07. As duas cidades, inclusive, são vizinhas. No país, a melhor colocada é Gavião Peixoto (SP), que ficou com 73,26.
"Não tenho o que reclamar"
Um dos cartões-postais de Picada Café é o Parque Histórico Jorge Kuhn. É nele que são realizados eventos como a Tricofest, tradicional feira de malhas. Ao mesmo tempo, o espaço torna-se um ponto de encontro para os moradores, seja para uma roda de chimarrão ou um piquenique.
É um dos lugares favoritos da família de Ieda Maria Galhardo Utzig, 55 anos. Morando há 42 anos na cidade da Região das Hortênsias, a aposentada diz que nunca quis se mudar de Picada Café.

— É maravilhoso. É tranquilo. É uma cidade pequena, onde todo mundo se conhece. Quando chegamos aqui, era uma cidade marcada pela origem alemã. Então, quem vinha de fora, num momento, se sentia meio perdido. Mas, hoje, o povo é bem acolhedor — descreve a aposentada.
Ieda até se impressiona quando recebe parentes de outras cidades, como Canoas, e nota como eles ficam maravilhados com o município.
— Não tenho o que reclamar — exclama.

Tranquilidade para as crianças
Atualmente, Picada Café oferece educação de turno integral na rede municipal. Mas, além do atendimento escolar, pais e mães demonstram satisfação em ver os filhos crescerem em um ambiente seguro.
— Eu geralmente pego a minha bicicleta e fico andando pela rua. Lá perto da minha casa tem um campinho de areia também — conta Bernardo Maldaner Hoffmann, 12.
O pai do menino, Rafael Hoffmann, 43, diz que não falta nada no atendimento da saúde e educação em Picada Café. Professor, ele brinca apenas que o calor é muito intenso no verão. Hoffmann nasceu e cresceu na cidade.
— É excelente. Não troco por nada — diz o professor.

Já Marciele Reichert, 39, mudou-se para Picada Café para encontrar esse ambiente com o filho Thomas Bitencourt, quatro. Nascida em Santa Catarina, ela chegou a morar em 1999 na cidade da Serra. Após voltar ao estado natal, para viver em Joinville, e depois se mudar para Alemanha, a professora decidiu há quase três anos retornar para a Região das Hortênsias. A lembrança que tinha sobre a segurança, tranquilidade, saúde e a organização do município a fez voltar.
— Acredito que quando se tem filhos, quem já morou em cidade grande e tem a oportunidade de morar em cidade pequena, consegue fazer esse comparativo. E foi o que me levou a retornar a Picada Café. O município é realmente muito bom de se viver — observa Marciele.

"Pouca coisa que o município não oferece"
O prefeito de Picada Café, Daniel Rückert, avalia que a pesquisa reflete o que é oferecido à população do município. O gestor cita atendimentos como a Unidade Básica de Saúde (UBS) 24 horas, as escolas em turno integral, o transporte escolar, o auxílio no transporte universitário e os programas de incentivo, como na agricultura.
— Pouca coisa que o município não oferece. Estamos sempre valorizando e buscando aumentar cada vez mais essa questão da agricultura também. Então, turismo, viemos melhorando bastante. Começamos o ano trabalhando de novo com um evento por mês no nosso parque Jorge Kuhn, que é muito bonito — declara o prefeito.
Outro destaque, segundo Rückert, são as oportunidades de trabalho. Conforme Rückert, "não falta emprego para o município". Segundo o prefeito, as empresas acabam buscando funcionários fora da cidade.
Os critérios da pesquisa
Dividida em três grandes grupos, a pesquisa leva em conta 57 indicadores. Entre eles, áreas como segurança, educação e saúde. Os tópicos avaliados são:
- Necessidade Humanas Básicas: envolve pontos como nutrição e cuidados médicos, água e saneamento, moradia e segurança pessoal;
- Fundamentos do bem-estar: relacionados a acesso ao conhecimento básico, acesso à informação e comunicação, saúde e bem-estar, e qualidade do meio ambiente;
- Oportunidades: engloba direitos individuais, liberdades individuais e de escolhas, inclusão social e acesso à educação superior.