
Morreu na madrugada desta segunda-feira (16), em Caxias do Sul, o advogado criminalista e ex-vereador José Régis de Carvalho Prestes, aos 85 anos, vítima de uma parada cardíaca decorrente de uma pneumonia. Profissional reconhecido por sua atuação no direito e na política, também foi presidente da Câmara de Vereadores.
Prestes nasceu em Cambará do Sul em 29 de fevereiro de 1940. Filho de Canderoy e Eulina, era o mais velho de oito irmãos. Ainda criança, teve poliomielite, doença que o deixou com uma perna mais curta que a outra devido à paralisia muscular e atrofia. A filha Verusca conta que, devido a essa condição, o pai gostava de dizer que "era manco da perna e não da cabeça".
Prestes veio para Caxias do Sul para cursar o ensino científico no Colégio Nossa Senhora do Carmo em 1953. Durante a vida, trabalhou na Tecelagem Marisa e no Banco da Província. Cursou bacharelado em Direito na Universidade de Caxias do Sul (UCS), formando-se na turma de 1968. Como advogado, atuou na área criminal.
O primeiro mandato como vereador, de três consecutivos, foi pelo MDB, tendo sido presidente da Câmara Municipal em 1971. Na abertura democrática foi militante da construção do PDT, onde exerceu boa parte da vida política. Encerrou sua carreira filiado ao PT.
Do período de vereador destaca-se projeto de sua autoria transformado em lei, em 1975, que trata do direito de acesso à água potável. A lei, conhecida como Lei Régis Prestes, visa a extensão da rede de água para residências construídas em propriedades municipais.
Prestes se afastou da vida pública há cerca de 20 anos, por motivo de saúde. Desde os 40 anos convivia com a diabetes. Nos últimos anos, residia com a esposa, Cereni, num sítio em Nova Petrópolis.
Em entrevista ao Pioneiro em março de 2014, sobre os cinquenta anos do golpe de 1964, Prestes relatou que no dia 13 de dezembro de 1964, dia em que o governo decretou o Ato Institucional número 5 — que estabelecia a censura plena — ele, então vereador do MDB, foi detido em casa.
Ele foi preso 32 vezes, mas foram poucas as noites na cadeia. Nunca chegou a ser torturado fisicamente, mas guardava os traumas do regime. Régis tinha uma posição estratégica na Câmara: denunciava as prisões na tribuna para que nenhum caso passasse em branco.
Prestes deixa a esposa Cereni Buzelato Prestes, as filhas Vanesca, Vanusa e Verusca, além dos netos Thomas, Nathalia, Arthur, Gabriel, Thiago e Bernardo. O velório se inicia às 10h desta segunda-feira (16) na Capela E do Memorial São José de Caxias do Sul. O corpo será cremado às 18h30min, no Memorial Crematório São José.
O prefeito de Caxias do Sul Adiló Didomenico decretou luto oficial de três dias pelo falecimento de Prestes.
As filhas de Prestes divulgaram uma nota sobre o falecimento de seu pai. Confira um trecho:
“Sempre teve muitas histórias para contar, memórias de uma geração que disse a que veio, que cumpriu seu papel e que assistiu quase sem forças a propagação de ideias totalitaristas contra as quais sempre lutaram. Mas sempre disse que a vida é um pêndulo e que é preciso ter coerência e saber o lado que se deve estar, mesmo que a maré não esteja em nosso favor. Quando há muito repuxo no mar, é preciso parar e se firmar na posição contrária, pois só assim estaremos estáveis para quando a próxima onda forte voltar podermos seguir aproveitando o banho de mar.
Nesta madrugada fria de 16 de junho ele se foi. E nós honraremos sempre teu legado, memória, afetos, visão de vida e de sociedade. Vai em paz, marido, pai, avô, sogro, amigo e amigo dos amigos. Obrigada por tanto.”.