
Só em 2025, a região da Serra contabiliza quatro feminicídios: dois em Bento Gonçalves, um em Caxias do Sul e um em Vacaria. Uma das alternativas para as mulheres fugirem da violência e dos agressores são as estadias nas casas de acolhimento. As cinco cidades mais populosas da região (Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha, Vacaria e Canela) contam com 28 vagas em locais próprios para abrigar as vítimas.
A mais recente foi inaugurada em Bento Gonçalves, em abril. O espaço, que tem endereço sigiloso - assim como todos deste tipo, pode acolher até 10 mulheres por vez. Atualmente, não há nenhuma vítima na casa, que também recebe os seus filhos, desde que menores de idade.
As mulheres vítimas de violência, no momento do registro de ocorrência na polícia, são questionadas pela autoridade policial sobre a necessidade do acolhimento emergencial. Em caso de resposta positiva, são encaminhadas pela própria polícia civil para o espaço. A vítima permanece no local até o deferimento da medida protetiva.
Em Caxias do Sul, a Casa Viva Rachel conta com 15 vagas. O espaço é exclusivo para mulheres em situação de violência e acolhe também filhos das vítimas, com idade até 17 anos e 11 meses. Hoje, quatro mulheres e quatro crianças utilizam o serviço.
Na maior cidade da Serra, as mulheres que precisam de abrigo podem solicitar via Delegacia da Mulher ou Coordenadoria da Mulher.
O tempo de acolhimento pode ser de até três meses, mas é possível ficar até seis meses em caso de necessidade.
Em Canela, na região das Hortênsias, há a Casa Vitória, espaço que conta com três quartos e é custeado pelo município. O atendimento é exclusivo para mulheres que residem em Canela e registrem ocorrência com base na Lei Maria da Penha.
As mulheres podem ser acolhidas junto dos filhos, mas o abrigo tem caráter emergencial, ou seja, serve de moradia até a prisão do agressor ou até a vítima ter outro local seguro para ir. A estadia é de dois a sete dias, conforme a coordenadora da Casa, Manoela Negrelli Heidrich.
Em Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, são 10 vagas de acolhimento para mulheres vítimas de violência. No momento, não há mulheres abrigadas. As vítimas também podem levar junto seus filhos, desde que menores de idade. O atendimento dura no máximo 15 dias e trata-se de um acolhimento transitório. Para mulheres que necessitem da rede de apoio, é possível buscar abrigo pelo telefone (54) 98419-8720.
Farroupilha é o único dos cinco municípios mais populosos que não conta com espaço próprio para acolhimento de vítimas de violência. Quando há necessidade, as mulheres são encaminhadas ao albergue municipal, em um quarto separado dos demais dormitórios.
Mais alternativas na região das Hortênsias
Nova Petrópolis também conta com espaço para acolhimento das vítimas de violência contra a mulher, a Casa da Mulher. Por se tratar de um abrigo temporário, a mulher permanecerá no local enquanto a equipe busca por familiares que possam abrigá-la. Não há número específico de vagas disponíveis, uma vez que trata-se de um serviço emergencial.
Para ser acolhida no local, a mulher deve procurar o Centro de Referência de Assistência Social. O telefone para contato é (54) 3298 - 2671.
Em Gramado, a situação é semelhante. A prefeitura mantém uma parceria com uma entidade sem fins lucrativos que acolhe as vítimas de violência. Como trata-se de uma parceria, não há vagas exclusivamente destinadas a esse tipo de acolhimento; elas são ocupadas mediante a demanda.
O encaminhamento é feito por meio do Centro de Referência em Atendimento à Mulher, que recebe as vítimas por meio da delegacia de polícia, serviços de saúde e serviço social.
O abrigo é temporário e, assim como em Nova Petrópolis, funciona como um serviço emergencial até que a vítima possa ser acolhida por algum familiar.
Perspectivas
Conforme a diretora do Gabinete da Primeira Dama de Gramado, Suzana Strassburger, o município deve ganhar um espaço público para acolher as vítimas de violência ainda neste ano:
— Temos um espaço já destinado, que vamos chamar de casa de passagem. Será um espaço que vai acolher a mulher no prazo de cinco até no máximo 15 dias. Estamos em processo de reforma do espaço.
O espaço terá capacidade para até cinco mulheres por vez e contará com monitores e segurança com câmeras 24 horas.
Como pedir ajuda
Brigada Militar | 190
- Se a violência estiver acontecendo, a vítima ou qualquer outra pessoa deve ligar imediatamente para o 190. O atendimento é 24 horas em todo o Estado.
Polícia Civil
- Se a violência já aconteceu, a vítima deverá ir, preferencialmente, à Delegacia da Mulher, onde houver, ou a qualquer Delegacia de Polícia para fazer o boletim de ocorrência e solicitar as medidas protetivas.
- As ocorrências também podem ser registradas em outras delegacias. Há DPs especializadas no Estado. Confira a lista.
Delegacia Online
- É possível registrar o fato pela Delegacia Online, sem ter que ir até a delegacia, o que também facilita a solicitação de medidas protetivas de urgência.
Central de Atendimento à Mulher 24 Horas | Disque 180
- Recebe denúncias ou relatos de violência contra a mulher, reclamações sobre os serviços de rede, orienta sobre direitos e acerca dos locais onde a vítima pode receber atendimento. A denúncia será investigada e a vítima receberá atendimento necessário, inclusive medidas protetivas, se for o caso. A denúncia pode ser anônima. A central funciona diariamente, 24 horas, e pode ser acionada de qualquer lugar do Brasil.
Ministério Público
- O Ministério Público do Rio Grande do Sul atende em qualquer uma de suas Promotorias de Justiça pelo Interior, com telefones que podem ser encontrados no site da instituição.
- Neste espaço, é possível acessar o atendimento virtual, fazer denúncias e outros tantos procedimentos de atendimento à vítima. Acesse o site.
Centro de Referência da Mulher em Caxias
- Contato: (54) 3218-6112 e, pelo WhatsApp, (54) 98403-4144.