
Por coincidências do destino, o jornalista Hermes Lorenzon Nunes, 53, editor do Pioneiro, teve a oportunidade de ver pessoalmente os três últimos papas, o polonês João Paulo 2º, o alemão Bento 16 e o argentino Francisco, que morreu nesta segunda-feira (21) aos 88 anos. Experiências em três épocas diferentes que ficaram para sempre marcadas na memória.
A mais recente foi no ano de 2015, durante viagem à Itália e à França com a noiva, Vanessa dos Santos. Três dias após fazer aniversário, comemorado em 15 de outubro, Dia do Professor, o jornalista entrou na Praça São Pedro para assistir à homilia de Francisco. Era 18 de outubro e havia uma multidão que participava de uma série de canonizações: Vincenzo Grossi, sacerdote diocesano, fundador do Instituto das Filhas do Oratório; María de la Purísima Salvat Romero, religiosa, superiora geral da Congregação da Cruz; Ludovico Martin, leigo e pai de família, e Maria Azelia Guérin, leiga e mãe de família, cônjuges.
– Eu já tinha grande admiração pelo papa Francisco. Lembrava da época do conclave que o escolheu, da humildade. Recordo que, logo que assumiu, abriu mão de qualquer privilégio, andava de ônibus juntamente com outros religiosos e fez questão de ir pessoalmente pagar a hospedagem no local em que ficou quando foi ao Vaticano para participar do conclave o qual acabou sendo o escolhido. Era muito próximo das pessoas. Quando veio ao Brasil, abriu mão de carros blindados e andou em um veículo simples cumprimentando as pessoas pelo Rio de Janeiro – recorda Nunes, radicado em Caxias do Sul e natural de Garibaldi.

Essa mesma humildade também estava presente naquela manhã de 18 de outubro de 2015 no Vaticano, logo após a cerimônia de canonização.
– Estávamos no meio da multidão, distantes do altar, e o Francisco entrou no papamóvel para saudar o público presente. Havia vários corredores entre as pessoas para que o veículo passasse. Lembro que dava para ver onde estava apenas pelo telão, mas não era possível saber exatamente o ponto em que se encontrava. De repente surgiu o veículo, as pessoas, emocionadas, começaram a saudar, ele passou com o braço estendido a poucos metros de nós – conta Nunes.
Bento 16 começava o pontificado

Já a experiência anterior foi no mesmo lugar, na Praça São Pedro, não tão próximo do público, mas igualmente emocionante. Foi durante o Angelus, no dia 5 de junho de 2005. Bento 16, que recém havia assumido após a morte de João Paulo 2º, concedeu a bênção da janela ao alto do Palácio Apostólico.
– Era a primeira vez que eu estava no Vaticano. Todos saudaram muito o Papa que estava começando um pontificado. Na época ainda não havia muita tecnologia, mas consegui fazer um registro fotográfico bem de longe com uma antiga câmera digital – recorda.
"Ucho, ucho, ucho, o Papa é gaúcho"

Já a experiência com o papa João Paulo 2º foi em Porto Alegre, em 1980, durante a viagem ao Brasil. Primeiro, na cerimônia realizada em frente à Catedral Metropolitana de Porto Alegre.
– Meu tio residia no Edifício Catedral, na Rua Duque de Caxias, que tem uma vista privilegiada para a entrada da catedral. Estávamos na sacada, desde cedo, acompanhando toda a movimentação de público, que lotou a Praça da Matriz. Foi uma noite em que o papa nunca mais esqueceu, por várias vezes anos depois citou o grito do público: "ucho, ucho, ucho, o Papa é gaúcho". Mas foi no dia seguinte quando consegui me aproximar mais. Fomos pelas ruas do Centro ver a passagem do Papa. Como eu era criança, tive facilidade de ficar sentado no meio-fio e consegui ver bem de perto passando com o papamóvel – finaliza.