
Esta quarta-feira (19) marca o primeiro dos 200 dias letivos da rede municipal de ensino de Caxias do Sul em 2025. Na Escola Atiliano Pinguelo, uma das 82 unidades do município, o retorno às aulas simboliza uma espécie de volta para casa. Após mais de cinco anos, os estudantes frequentam novamente a sede, no loteamento De Zorzi, que estava interditada desde 2019 para obras.
— Será tudo mais fácil, conseguimos acordar um pouquinho mais tarde, a escola fica pertinho de casa. Será uma convivência bem melhor — sintetiza Roselei Macedo Pereira, mãe da estudante Sofia Pereira Maia, oito anos, aluna do terceiro ano.
Nesse período em obras, o deslocamento diário precisava ser feito até o bairro Nossa Senhora de Lourdes, no prédio do antigo Mutirão, que serviu de sede provisória. Reformada, a nova estrutura foi entregue em dezembro passado. O local conta com sete salas de aula — todas com ventiladores —, multiespaço para brincar, ginásio e área coberta.
A instituição atende os estudantes das comunidades do De Zorzi I e II e do bairro Campos da Serra. Estão matriculadas na Atiliano Pinguelo 278 crianças, divididas em 12 turmas, do pré ao quinto ano.
Um cartaz, com os dizeres "bem-vindos", e a diretora, Suélen Binotto, recepcionaram as famílias no início desta manhã. A gurizada pôde escolher se queria tomar café da manhã ou não e, depois, foi posicionada, em filas, na quadra esportiva.
No espaço, foram apresentados aos professores, tiveram os nomes conferidos na chamada e direcionados às salas de aula, por volta das 7h40min.
— No (prédio do) Mutirão, a gente não tinha uma escola, tínhamos um espaço em que acomodávamos os estudantes e dávamos o nosso melhor. Retornando ao bairro, temos a comunidade perto, as famílias mais presentes, o calor humano e, com certeza, o fortalecimento da educação — destaca a diretora Suélen, que garante que o quadro de professores está completo.
Acompanhando os filhos, Noah Otavio dos Santos, seis, e Augusto Jefte Colisse, 10, a almoxarife Suise Colisse tem boa expectativa pela retomada das aulas. O mais novo está matriculado no primeiro ano e, o irmão, no quinto.
— Está muito mais prático, não tem todo aquele transtorno do deslocamento até o outro prédio. A questão do deslocamento era difícil, a distância, a preocupação de ter que ir até lá — afirma.
Para a mãe, a nova lei federal, que restringe o uso dos celulares nas instituições de ensino, veio em uma boa hora:
— Para nós não será problema porque eles já não usavam celular. Escola não é lugar de celular.
Quem também está animada é a família da educadora infantil Caroline Bertin de Oliveira. Ela levava o filho, Ruan Bedinot Bertin, quatro, para estrear os estudos na Escola Atiliano Pinguelo, que foi inaugurada, originalmente, em 1990.
— Que seja um ano maravilhoso, essa escola parece ser muito legal — resumiu ela, que mora a uma quadra dali.

Ao todo, a rede municipal recebe em torno de 32,4 mil estudantes nesta quarta. Das 82 escolas, 68 contam com turmas de pré-escola e 35 receberam pequenas ou médias reformas durante as férias de verão. Todas as instituições estão em processo de instalação do Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI).
O sistema de ensino municipal envolve 3.920 profissionais, sendo 3.113 professores, 400 cuidadores terceirizados e 407 higienizadoras e merendeiras terceirizadas.
Celulares podem ser recolhidos nas escolas
Em linhas gerais, a nova lei federal, sancionada em janeiro pela presidência da república, veda a utilização dos smartphones durante aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica em instituições de ensino particulares e públicas. A exceção se aplica ao uso dos dispositivos para fins pedagógicos ou em emergências, necessidade de saúde ou força maior.
Na Escola Atiliano Pinguelo, a diretora explica que uma comissão formada pelos diretores montou uma diretriz, baseada na legislação, que irá direcionar as ações das instituições municipais em relação ao assunto.

Ela revela que, caso um estudante seja flagrado usando o smartphone, poderá ter seu aparelho confiscado e entregue aos responsáveis:
— As crianças que precisarem trazer o seu celular para alguma prioridade da família, deixarão o aparelho na sua mochila. Se acontecer de algum estudante tirá-lo, o aluno vai ser retirado da sala e os familiares deverão retirar o aparelho na escola.
Em entrevista à Gaúcha Serra, na terça (18), a secretária municipal da Educação, Marta Fattori, disse que, nesse início de ano letivo, irão ocorrer conversas com pais e estudantes para orientação sobre as regras, em uma campanha chamada Menos Distração, Mais Educação.
A iniciativa promoverá, além do diálogo, a divulgação de cards e materiais informativos:
— O uso dos aparelhos celulares pelos estudantes está proibido dentro das salas de aula, salvo quando estritamente necessário para fins pedagógicos e sob supervisão do professor. Nesses casos, o professor deverá apresentar um projeto e discutir a situação com a equipe pedagógica, solicitando a liberação deste celular, comunicando previamente a família.
A secretária reforça que, em uso indevido, o dispositivo poderá ser recolhido:
— O estudante deve ser chamado para fora da sala, em um ambiente como a direção da escola, onde será realizada uma conversa sobre a situação. Vamos recolher esse celular, colocar em um envelope fechado, e isso deverá ser registrado em ata. Vamos chamar os responsáveis, conversar e orientar, para que esse aluno não traga e não use o celular na hora da aula ou na hora do recreio.
Segundo Marta, as instituições não terão recipientes de armazenamento dos smartphones, "porque isso acarreta em uma responsabilidade muito grande para a escola caso haja dano neste celular".