Reconhecido como um dos religiosos mais populares de Caxias do Sul, o padre Renato Ariotti, 63 anos, se despedirá da cidade para assumir um novo desafio. Ele deixa o posto de pároco na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro Cruzeiro, e assumirá como vigário paroquial da Paróquia e Santuário Santo Antônio, em Bento Gonçalves, sua cidade natal, a partir do dia 23 de fevereiro de 2025.
São 38 anos dedicados à vida religiosa, sendo que os últimos cinco foram vividos na comunidade do bairro Cruzeiro. Antes, Ariotti havia atuado por 10 anos na Paróquia do bairro Santa Catarina. A mudança para Bento Gonçalves foi comunicada pela Diocese de Caxias do Sul no início de dezembro e faz parte do plano anual de nomeações e transferências. Cada padre pode ficar de três a oito anos à frente de uma paróquia, para proporcionar uma rotatividade no posto. Quem assume o lugar de Ariotti na Paróquia Sagrado Coração de Jesus é o padre Darlan Silvestrin.
— O meu sentimento é de dever cumprido. Não somos eternos em cada paróquia, ficamos apenas durante um tempo. Eu agradeço a Deus por ter trabalhado tantos anos aqui, e eu me sinto caxiense, não só por ter recebido o título de cidadão caxiense há alguns anos, mas eu me sinto caxiense pelo trabalho, pelas famílias, pelas comunidades, pelos jovens, enfim, por todo o trabalho realizado. Eu vou para Bento mas o meu coração também fica um pouco aqui em Caxias — descreve Ariotti, que recebeu o título de Cidadão Caxiense em 2011, quando completou 25 anos de sacerdócio.
Ao longo de quase três décadas em Caxias do Sul, padre Renato Ariotti ficou conhecido pelo carisma e por tocar acordeon e cantar durante as celebrações. Também teve destaque com o trabalho comunitário que executa junto aos recicladores da cidade. A aproximação com esse público ocorreu após um gesto realizado por Ariotti em 2012, após a morte do papeleiro Carlos Miguel dos Santos, que teve 85% do corpo queimado enquanto dormia no dia 23 de setembro daquele ano. O padre adotou Scobby (já falecido) e Preta, os cachorros de Carlos Miguel e criou um memorial em homenagem ao papeleiro. Um livro sobre o caso também foi lançado pelo religioso em 2013.
— Sempre trabalhei de uma maneira alegre, acolhendo e valorizando a todos, especialmente os mais pobres. Esse gesto de adotar o Scooby e a Preta foi me aproximando dos papeleiros, desse povo que tem rosto, e que precisa também do carinho e da atenção de todos. Então, eu tive esta alegria de estar junto com o grupo dos papeleiros aqui de Caxias e quero continuar também fazendo esse trabalho em Bento Gonçalves — afirma.
A transferência para Bento Gonçalves também será uma oportunidade de ficar mais perto da família, segundo Ariotti. O pai, Francisco, de 89 anos, tem a saúde frágil e é acompanhado por cuidadoras e pela irmã do padre, Márcia.
Trajetória
Renato Ariotti foi ordenado padre em 1986. Depois que entrou para o Seminário Aparecida, em Caxias, estudou Filosofia, na UCS, e Teologia, na PUC, em Porto Alegre. Começou como auxiliar no santuário de Caravaggio e no curso propedêutico (estudos que antecedem a formação de um padre), em Farroupilha. De 1987 a 1989, foi professor de Filosofia e Ensino Religioso.
Nos anos seguintes, padre Renato foi promotor vocacional e coordenador do serviço de animação vocacional na Diocese, coordenador da equipe sacerdotal na paróquia Santos Apóstolos, capelão no Carmelo do Menino Jesus, Irmãs Carmelitas, pároco de Cazuza Ferreira, em São Francisco de Paula e assistente dos seminaristas no curso propedêutico em Caravaggio.