Parte da adutora do sistema Marrecas que transporta água da estação de tratamento em Vila Seca até a área urbana de Caxias do Sul está passando por obras para mudança de lugar. São 560 metros de tubulação com um metro de diâmetro que passarão de uma margem a outra da Rota do Sol para evitar rompimentos por deslizamento de encostas. As obras ocorrem no km 158 da rodovia, na região de Vila Seca, onde desmoronamentos e movimentações de solo causaram três rompimentos ao longo do mês de maio.
A medida é a segunda das três planejadas pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) para proporcionar mais segurança no abastecimento do Marrecas. A primeira ação ocorreu há 10 dias com a implantação de uma bifurcação da rede, para permitir uma continuidade do abastecimento em caso de nova ruptura da adutora principal. Na etapa atual, as equipes já implantaram pelo menos 450 metros da tubulação no trajeto, o que representa 70% do total. A extensão restante envolve a travessia da Rota do Sol em dois pontos. A intervenção no segundo ponto ocorre neste sábado (1) com impactos no trânsito. A fiscalização de trânsito orienta os motoristas.
A transferência da adutora tem um custo estimado de R$ 2,1 milhões. Para ativar o abastecimento pelo novo trecho também será necessário fazer a ligação com o restante da rede. O procedimento vai exigir uma parada programada no sistema em data ainda a ser definida. Depois que o trabalho for concluído, a intenção do Samae é remover o encanamento antigo e guardar em estoque para futuros reparos na rede.
A última etapa planejada pelo Samae é a interligação de todos os sistemas de abastecimento da cidade. Dessa forma, quando um for interrompido, outras estações de tratamento podem manter o fornecimento à população.
— O Samae tem como objetivo a interligação de todos os sistemas de abastecimento de água. Já está em projeto uma interligação entre os dois principais sistemas e que abastecem a maior parte do município, Faxinal e Marrecas, para que em caso de problemas, o outro possa suprir a demanda — explica o diretor-presidente do Samae, Gilberto Meletti.
Encosta segue em movimentação
Apesar das equipes do Samae terem encontrado condições técnicas de executar a transferência da adutora, a encosta no km 158 da Rota do Sol segue se movimentando. A diferença é que, nos últimos dias, o deslocamento não foi mais do bloco inteiro que se deslocou e sim com o surgimento de pequenas rachaduras dentro desse maciço.
— Onde a gente tinha uma ou duas rachaduras grandes, hoje tem dezenas de rachaduras que percorrem todo o maciço. Então, enquanto o tempo estiver seco é aquele movimento de acomodação. Não tem mais a chuva, não tem mais o peso, mas o material vai se acomodando. Não criar um grande movimento de material, mas é o que vai colocando todo dia aquele fator a mais de risco — explica o Elton Boldo, diretor técnico da Garden Engenharia, consultoria geotécnica contratada pelo Samae.
Segundo o especialista, ainda há água escorrendo da encosta. Além disso, outros fatores, como trepidação, podem desencadear um deslizamento de grande porte, mesmo com tempo seco. Por conta disso, é fundamental adotar medidas de contenção da encosta, o que deve deve ser realizado pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) assim que o Samae conseguir retirar a tubulação desativada.
Já a torre de transmissão de energia mantida pela CGT Eletrosul não teve novas movimentações. Em caso de rompimento da linha, contudo, não há risco de interrupção no fornecimento de energia na cidade.
— O mais importante é que eles têm um plano de contingência para o caso de necessidade de deslocar e recolocar energia por outras linhas para Caxias. O principal é inserir a torre dentro de um plano de recuperação total, seja mantendo ela ali, com algum projeto de engenharia mais robusto, ou deslocando para facilitar toda a sustentação — observa Boldo.