
Com apenas uma agremiação confirmando participação no desfile das escolas de samba de Caxias do Sul, a realização do Carnaval de Rua sem dinheiro público se mostra cada vez mais distante. A sugestão da Associação das Entidades Carnavalescas de Caxias do Sul (Assencar) é de que no lugar do desfile ocorra um baile de carnaval no ponto de cultura da União das Associações dos Bairros (UAB), no bairro Panazzolo, ou em um clube da cidade. As propostas serão apresentadas aos carnavalescos em uma reunião entre as 10 escolas de samba do grupo especial na noite desta terça-feira, na sede da Acadêmicos do Pérola Negra, no bairro Mariani.
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– Pelo que conversamos com as escolas, é quase unânime o entendimento de que não tem como desfilar sem as condições mínimas, que são banheiro, arquibancada, sonorização. Queremos que hoje (terça-feira) seja formada uma comissão comunitária responsável pela realização do carnaval em 2018, 2019 e 2020, para buscarmos patrocínio – afirma o presidente do conselho da Assencar, Cassiano Fontana.
O impasse ocorre desde que a secretaria de Cultura informou que o município não disponibilizaria recursos para ajudar as agremiações no desfiles deste ano. Não há verba para cachês, instalação de arquibancadas, sonorização, Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) e banheiros químicos.
– Somente de sonorização e arquibancada o custo é de mais de R$ 120 mil. Não sei da onde tiraríamos isto em 40 dias antes do evento – reclama Cassiano.
Boa parte das escolas de samba já havia manifestado desinteresse em desfilar. A Mancha Verde, duas vezes campeã, divulgou nota alegando que não participaria "devido às incertezas relativas à infraestrutura para a edição deste ano, bem como a manutenção e futuro do evento". Na semana passada, no entanto, representantes das escolas Pérola Negra, Unidos do É o Tchan, XV de Novembro, Acadêmicos do Arsenal, São Vicente e Filhos de Jardel decidiram que fariam o carnaval mesmo sem o incentivo público. Procurados nesta terça pela reportagem, somente o presidente da escola Pérola reiterou o compromisso em desfilar.
– Nós vamos nem que seja de dia, que aí não temos investimento com iluminação. A saída é ir para a avenida, e correr atrás de garantir a nossa própria estrutura –afirma Salésio Evangelista Macedo, presidente da Pérola.
Representante do bairro Jardim América, a agremiação São Vicente já preparou fantasias e os carros alegóricos estão em fase de confecção. A escola investiu o cachê recebido em 2016 pela segunda colocação no desfile, e lamenta a indefinição às vésperas do evento.
– São 24 pessoas envolvidas no trabalho, e esperávamos 370 pessoas para desfilar. A expectativa é grande, mas nestas condições, é difícil que saia desfile – lamenta a presidente Carla Patrícia Borges.



