
O tradicional desfile de rua do carnaval de Caxias do Sul foi cancelado pelas escolas de samba na noite desta terça-feira, mas a festa deve seguir com outro formato neste ano. Após o anúncio de que a prefeitura não disponibilizaria recursos para ajudar as agremiações no desfiles, as escolas de samba optaram não desfilar na Plácido de Castro. No entanto, não estão descartados outros formatos de festa, como muamba - bastante conhecida em Porto Alegre, ensaios das escolas ou blocos de carnaval - ou ainda um baile municipal, que pode acontecer em um clube ou ainda em espaço público. A prefeitura diz que não há verba para cachês, instalação de arquibancadas, sonorização, Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) e banheiros químicos. Em reunião entre as escolas de samba na noite da terça, foi acordado que o desfile tradicional não aconteceria.
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– Haverá algo simbólico para não deixar a data passar em branco – adianta o presidente do conselho da Associação das Entidades Carnavalescas de Caxias do Sul (Assencar), Cassiano Fontana.
Boa parte das escolas de samba já havia manifestado desinteresse em desfilar. A Mancha Verde, duas vezes campeã, divulgou nota alegando que não participaria "devido às incertezas relativas à infraestrutura para a edição deste ano, bem como a manutenção e futuro do evento".
Representante do bairro Jardim América, a agremiação São Vicente já preparou fantasias e os carros alegóricos estão em fase de confecção. A escola investiu o cachê recebido em 2016 pela segunda colocação no desfile, e lamenta a indefinição às vésperas do evento.
– São 24 pessoas envolvidas no trabalho, e esperávamos 370 pessoas para desfilar. A expectativa é grande, mas nestas condições, é difícil que saia desfile – lamenta a presidente Carla Patrícia Borges.
"Todos perdem com essa decisão"
A indefinição do carnaval foi abordada pela manhã da terça também na Câmara de Vereadores, quando a comissão representativa abriu espaço para a manifestação do presidente do Conselho de Entidades Carnavalescas de Caxias do Sul, Cassiano Fontana. Ele afirmou que carnaval perde representação ano a ano na cidade - segundo ele, já foram 26 escolas participantes, contra as dez agremiações de hoje. O vereador Elói Frizzo (PSB) argumentou que a falta de repasse é sinônimo de "preconceito".
Além disso, na semana passada, o Conselho Municipal de Políticas Culturais apelou aos profissionais da secretaria de Cultura em reunião para que não deixassem de fornecer a estrutura básica para o evento.
_ O retorno que tivemos é que não haveria dinheiro, e não teria jeito. Nós fizemos um apelo e pedimos para que não deixassem de apoiar, que fizessem um esforço. Caxias perde um pouco de cultura, todo mundo perde um pouco com essa decisão_ afirma Luciana Stello, presidente do conselho.
O Pioneiro tentou contato com a secretária de Cultura, Adriana Antunes, mas não obteve retorno.
Entenda o caso
:: Na terça-feira, a secretaria de Cultura informou que o município não disponibilizaria recursos para ajudar as agremiações no desfiles deste ano.
:: Diferente dos anos anteriores, não há verba para para cachês, instalação de arquibancadas, sonorização, Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI) e banheiros químicos.
:: Em 2016, a prefeitura repassou cerca de R$ 380 mil, R$ 200 mil a menos que em 2015. O valor da premiação para as escolas ficou em R$ 318 mil, divididos entre nove agremiações. A campeã recebeu R$ 57,9 mil, e a vice, R$ 45.400.
:: O único ano em que não houve ajuda do município foi em 2010, quando uma auditoria da prefeitura apontou problemas na prestação de contas dos R$ 358,7 mil cedidos à antiga Liga Carnavalesca para realização dos desfiles em 2008.

