Um projeto de lei complementar que tramita na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul propõe que a segurança nos estádios de futebol em dia de jogo deixe de ser compromisso da Brigada Milita (BM). No entanto, a proposta do vereador Rafael Bueno (PCdoB) apresentada em maio não deve avançar. Doze dos 23 parlamentares demonstraram ser contrários à proposta, já que aprovam a manutenção do model de segurança atual. Seis são favoráveis à proposta, três ainda não têm posição formada e dois não responderam o levantamento do Pioneiro.
MURAL: Você é a favor ou contra que a Brigada Militar faça policiamento em estádios de futebol? Por quê?
A justificativa apontada por Bueno é que a utilização de um grande contingente de soldados dentro e no entorno dos estádios torna frágil o policiamento em demais pontos da cidade. A proposta prevê que, caso a presença da BM seja necessária, haja uma contrapartida dos clubes.
O vereador destaca que não há ordem jurídica que obrigue a BM a garantir a segurança dos frequentadores de atividades privadas. "Não se imagina a Brigada Militar dentro de uma casa de espetáculos fazendo a segurança dos artistas e do público. O mesmo há que se esperar dos eventos esportivos", afirma na justificativa do projeto. Ele lembra ainda que não há ressarcimento dos custos pela segurança prestada, apesar da renda gerada por venda de ingressos, contratos de patrocínios, venda de produtos e cotas de televisão para transmissão dos jogos.
Por mês, o policiamento nos estádios de Caxias do Sul custa R$ 150 mil aos cofres públicos, quando há jogos todas as quartas, sábados e domingos. A origem desse valor são as horas-extras que o Estado pagas a 150 PMs destacados para trabalhar dentro e no entorno dos estádios Alfredo Jaconi, onde atua o Juventude, e no Centenário, onde joga o Caxias e a agora, novamente, o Inter - a partir de domingo contra o Fluminense.
Comandante interino do Comando Regional de Polícia Ostensiva da Serra (CRPO/Serra), o tenente-coronel Leonel Bueno entende que a corporação deve ser ressarcida pelo clubes para fazer a segurança nos estádios.
- É inadmissível as agremiações receberem para o evento que não é popular, e a Brigada Militar ficar protegendo esses interesses. A Brigada tem de estar nas ruas, no policiamento ostensivo. O Estado tem de ser ressarcido, para que a Brigada possa pagar as horas-extras dos PMs ou investir em equipamentos para compensar a falta de policiais nas ruas. Não estou falando em pagamento a policiais pelo serviço, mas em ressarcimento - destaca.
Os principais clubes da Serra admitem pagar à Brigada Militar pela segurança dos estádios se não houver outra alternativa. Mas os presidentes de Caxias, Juventude, Veranópolis e Esportivo querem um debate para discutir o assunto com a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e a instituição de segurança pública.
- Temos que fazer um debate, sem dúvida, ver o que a Brigada quer. Se eles querem mais efetivo, se querem dinheiro. A segurança dos estádios de futebol tem de ser feita pela Brigada Militar. Segurança particular não pode dar voz de prisão. Essa justificativa de que a cidade fica desprotegida, não vale. Se for assim, não se pode fazer nenhum evento na cidade, nem Festa da Uva. Se tiver que pagar, a gente dá um jeito e paga. A FGF pode tentar um patrocínio também - comenta o presidente do Caxias, Nelson Rech Filho.
Contar com o serviço público sem custo é um ponto que todos concordam, mas ao mesmo tempo preferem pagar à BM um valor viável do que pagar a um batalhão de seguranças particulares.
- Segurança não é especialidade do clube. Segurança é especialidade da Brigada Militar. A gente paga encargos suficientes para contar com a segurança pública. Se não tiver outra alternativa, até se paga, mas repito: já temos encargos demais. Tem que haver um debate. O que querem agora? Tirar a Brigada e afastar o público dos estádios? - questiona o mandatário do Juventude, Raimundo Demore.
Segurança
Maioria dos vereadores de Caxias do Sul é favorável à permanência da BM em estádios de futebol
Projeto que prevê pagamento à corporação para atuar em clubes ou que empresas privadas sejam contradas não deve ser aprovado
GZH faz parte do The Trust Project