Envolta em mistério, a morte do cineasta Charles Louis Nizet completou 10 anos em 2013. Autor de um ousado projeto para construção de um megaparque em São Sebastião do Caí, o norte-americano foi executado em Flores da Cunha. Com a absolvição dos únicos suspeitos do crime, em 2005, a Justiça arquivou o processo e a chance de desvendar parte dos segredos que até hoje pairam sobre o caso. Entre eles, a dúvida sobre a real identidade da vítima.
Aos amigos da Serra, Nizet dizia ser um especialista em filmes de violência, terror e sexo. Apresentava-se como espião aposentado da CIA, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, na sigla em inglês. Também se vangloriava por ser apto a pilotar aviões e matar mais homens do que a memória poderia registrar. Para alguns policiais e empresários, entretanto, era uma versão do fictício Barão de Münchhausen, celebrizado pelas mentiras grandiosas que contava.
Por trás da construção do Las Vegas Park, com orçamento previsto em US$ 250 milhões (R$ 535 milhões) esconde-se um emaranhado de contradições. Nizet e o sócio, David Morgan, chegaram a anunciar que estavam dispostos a investir US$ 10 milhões (R$ 21,4 milhões) dos próprios bolsos no projeto. O restante do dinheiro seria captado junto a investidores brasileiros. Entre as atrações estava prevista a construção da maior montanha russa do mundo e de um hotel e formato de garrafa de refrigerante.
A dupla deu o primeiro passo ao comprar uma área de 94 hectares, às margens da RS-122, em São Sebastião do Caí, por R$ 600 mil, pagos à vista. O terreno ficou em nome da esposa de Nizet, Solange Barros Moreno, 32. Isso porque a lei não permite que estrangeiros adquiram grandes faixas de terras no país. Com a morte do cineasta, Morgan negociou as terras onde seria construído o parque com Solange. Assim, pode transferi-las para o nome de outra brasileira, com quem se relacionava na época. Entretanto, anunciou a desistência do empreendimento.
Solange fez o mesmo com a casa. Vendeu o que restou do material que o marido trouxe dos Estados Unidos e se mudou com as filhas para o Litoral. A vida fantasiosa do americano e sua morte misteriosa levaram a polícia a solicitar que o corpo fosse embalsamado. Até hoje, os restos mortais do cineasta estão enterrados na capela da família do amigo e confidente Eliseu Marin, no Cemitério do bairro Santa Catarina, em Caxias. Na gaveta, não há foto, nome ou qualquer outro indício da presença de Nizet. Ninguém exigiu novos exames e com o cineasta foram sepultados segredos até hoje não desvendados.
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